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domingo, 28 de outubro de 2018

Pessoas que Não Gostam de Ser Corrigidas

"O meu pai, desde pequenino, dizia uma coisa que eu achava que era um tique "posso estar enganado mas..." e nós gozávamos com ele. Ele falava connosco em inglês (a minha mãe é inglesa) e então ele de vez em quando fazia uns erros e quando isso acontecia eu dizia "ó pai isso não está certo". Ele dizia: "Ó pá, isso é a melhor coisa que me podes dizer!"


Também eu Miguel, gosto muito que me digam quando tenho um pedaço de alface metido no meio dos dentes, uma catota no nariz, ou, me digam que estou errado, por exemplo no português. Ainda me lembro, quando teria uns quatro ou cinco anos e dizia "camboio" e depois me corrigiram que era comboio que se dizia. Tal como fiquei agradecido quando a primeira namorada me disse que não se dizia "quaisqueres" porque o plural de qualquer é quaisquer. Ou recentemente, quando me disseram que era logótipo que se dizia e não "lógo-tipo". Gosto de aprender mais, porque infelizmente ninguém sabe tudo, muito menos eu, que a única certeza que tenho, é a de que pouco ou nada sei. Mas infelizmente a maioria das pessoas não pensa assim, e está sempre tão cheia de certezas acerca da sua ignorância. 

Estou em crer que a primeira vez que coloquei as pessoas da empresa em alvoroço, foi quando disse que tinha "tartarugas da Florida". Não, o problema não tinha nada que ver com as tartarugas, tinha sim com a forma como pronunciei "Florida". Tal como se diz em "jardim florido", a palavra "Florida" que designa o Estado norte americano, por ser de origem hispânica e não anglo-saxónica, pronuncia-se como no português.  

De imediato tentaram-me corrigir afirmando que eu estava a pronunciar mal. É Flórida que se diz, porque afinal toda a gente, incluindo os jornalistas da televisão assim dizem. E se se diz na televisão, quem és tu para dizer de forma diferente! E preparou-se de imediato um verdadeiro pelotão de fuzilamento e todos, sem exceção, afirmaram que eu estava errado, tão simplesmente porque a ignorância é muito atrevida e é tão cheia de certezas. Então a primeira coisa que se lembraram - tão inocentes! foi de pesquisar a palavra com acento, querendo provar que a palavra é acentuada (coisa que nunca foi) e lá me mostraram sites em que a palavra aparecia acentuada, não sabendo que um motor de busca como o Google simplesmente apresenta resultados para aquilo que pesquisamos, e se alguém assim escreveu mal, e pesquisamos mal escrito, iremos ter como resultado aquilo que pesquisamos.

O fanatismo é tão grande que quando mostrei sítios como o dicionário online Priberam.pt,  ou o Ciberdúvidas, verdadeiro sítio de esclarecimento da língua portuguesa, que diz como se pronuncia "Florida" era porque eram "sítios que me interessavam"! Tu queres ver que eu lhes disse para escreverem mal, só porque era como eu achava que é?!


Claro que remar contra a maré é sempre muito mais difícil do que se nos deixarmos levar. Continuo tantas vezes a perguntar-me porque me importo e porque entro em tantas discussões que à partida sei que não vão levar a lugar algum e que o melhor seria deixar as pessoas continuarem na sua ignorância. No fim desta discussão, e mesmo depois de perceberem que estavam errado, ainda ouvi um "mas eu vou continuar a dizer Flórida", e de todos eles, acho que só mesmo um terá querido corrigir-se.

Por uma outra vez tinha cinco pessoas à minha volta, (sim, contei-as na altura perante tal insólito que estava a acontecer!) e, qual manada de hienas a rosnar, só porque eu disse que "posso estar enganado mas acho que se diz "dep" e não "dip" porque o nome se escreve com dois p e não com dois e" referindo-me ao ator Johnny Depp, ídolo de algumas das pessoas que lá estavam e não propriamente o meu ator preferido. E, em vez das pessoas se questionarem se estão certas, não, logo afirmaram convictamente que eu estava errado!, porque afinal parece que toda a gente que conhecem diz Johnny Dip! 

Numa outra situação, falava-se de politica, assunto diga-se, que há muito me aborrece, não fosse eu o único a defender as minorias, os trabalhadores, e a igualdade, ao passo que os meus caros colegas, estão sempre do outro lado da barricada, e confesso que, estar ali sempre enfiado numa trincheira, isolado, sempre a ser bombardeado por todos os lados que há muito me cansa, ainda por cima, porque nunca ninguém vai convencer os outros de nada, porque as pessoas baseiam-se sempre nas suas convicções  morais, e muitas vezes mesmo com factos à frente dos olhos, não os vão querer ver. E desta vez eu até estava ao longe, mas quando alguém falou, para dar um exemplo de como os imigrantes são perigosos, citou o argumento do "Arrastão de Carcavelos" ao que eu só disse: "deixem-me só fazer um parêntesis, é que o arrastão é só mais um mito urbano, que nunca existiu e foi uma invenção da extrema-direita, de alguns polícias, empresários e de alguns autarcas". 

Adiantou alguma coisa eu ter chamado a atenção que a pessoa estava com um bocado de alface enfiada nos dentes? Não! Nada! Só serviu para a pessoa se exaltar, afirmar convictamente que tinha a certeza que isso foi realmente verdade, que "quinhentos pretos entraram praia adentro e roubaram toda a gente". E pronto, lá fui eu fazer uma pesquisa, enviar um e-mail com o relatório da polícia, com um relatório da Amnistia-Internacional, e com um artigo a falar da péssima cobertura jornalística do tal pseudo-arrastão que nunca existiu. Anos mais tarde, voltou-se a falar no Arrastão e a mesma pessoa, mesmo depois de ter recebido toda essa informação, voltou a repetir o mesmo, que o arrastão existiu! Sim, para que é que uma pessoa anda a gastar o seu latim, se as pessoas simplesmente querem-se manter ignorantes e não querem retirar o pedacinho verde entre os dentes mesmo quando lhes dizemos que ele está lá?

Miguel, também eu gosto muito que me corrijam, principalmente quando falo ou escrevo algo errado, então com erros de português fico agradecido, mas infelizmente, a verdade é que as pessoas não gostam de ser corrigidas 

domingo, 3 de dezembro de 2017

Deixar de Acreditar



É mais do que isso. Eu deixei de acreditar.

A cada dia que passa eu acredito um bocadinho menos, um bocadinho menos e um bocadinho menos, e é fodido. E que é que eu faço em relação a isso Scherbatsky?

Química. Se tens química, só precisas de outra coisa.

E isso é o quê?

Tempo. Mas o tempo é uma merda.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Eventos de rara probabilidade

O Marshall, personagem da série "How I Met Your Mother" chamava-lhes milagres, mas eu, que por acaso tenho um conceito um pouquinho diferente de milagre, sou mais da opinião da Robin que dizia que "os milagres não existem". Contudo estes acontecimentos ou milagres, tal como lhes chamaria o Marshall, vão-me acontecendo constantemente. 

No dia 17 de maio, depois de ter decidido não fazer o que sensatamente deveria ter feito, e bastaria só ter saído mais cedo ou mais tarde cinco segundos para que não acontecesse, acabo por me cruzar com um ex colega que estudou comigo, e com quem não falava há uns seis anos, num daqueles jantares de ex-colegas, quando muitas vezes descobrimos que já não temos muito a ver com as pessoas que eles eram antes. E ali ficámos a conversar durante, sei lá, meia hora, e quando eu me deveria apressar para ir para o trabalho. No dia 21, de tarde, fui até ao Imaginarius em Santa Maria da Feira pela primeira vez. E quem é que eu encontro mal chego ao chafariz defronte do Convento dos Loios? Precisamente o mesmo colega, segunda vez em quatro dias anos e anos depois. 
Miracle!

Entre um dia e outro deste duplo reencontro com este colega, passei no hipermercado para comprar a tal caneta de acetato para a minha colega me dar o tal autógrafo no CD.
Na Caixa pergunta-me a menina:
- Tem 98 cêntimos?  
- Mmmm... devo ter, respondi.
Fui pegar no porta-moedas e tinha uma infinidade de moedas de 1 e de 2 cêntimos, umas três ou quatro moedas de 10 cêntimos e uma ou outra de 5 cêntimos. Demoradamente começo a contar todos aqueles tostões e eis senão quando 94, 95, 96, 97 e mais um faz 98 cêntimos! Dei o todo o monte de moedas que tinha comigo à mulher para ela contar ela mesma, e ela confirmou que sim. Eu tinha comigo precisamente os 98 cêntimos em moedas, precisamente a quantia que ela me pediu para facilitar o troco. Qual a probabilidade de juntando todas as moedas que eu tinha comigo, e que eram muitas, fazer precisamente o valor que me pediram? 
Miracle!

27 de Maio de 2016 - Picos da Europa

Em fevereiro tinham aberto as inscrições, na associação com quem vou fazendo umas caminhadas, para no final de maio se fazer uma caminhada a Picos da Europa. Inscrevi-me, mas infelizmente já em abril constatei com desilusão, que estava fora das inscrições e que muito dificilmente poderia ir. 
Mas dois dias antes do evento, alguém decidira não ir e iria mudar o meu futuro nos dias seguintes.
Miracle!

Eu até já andava a fazer outros planos para este fim-de-semana. Minutos antes, naquele mesmo dia, até estava a pensar dizer lá na empresa para cancelar os dias de férias que tinha marcado, quando de repente o destino telefona-me e diz-me que surgiu uma vaga! Surgiu uma vaga porque dois dias antes, duas amigas cancelaram a viagem e para esses lugares de última hora fui colocado eu e outra pessoa, as pessoas que estavam imediatamente a seguir nas inscrições.

Chegadas a Arenas de Cabrales, Hotel-Quartel-Geral do nosso grupo, e depois de terem feito cerca de mil quilómetros de carro desde Lisboa, duas amigas quiseram surpreender as tais outras duas amigas com a sua presença na caminhada e ligam-lhes a dar a boa nova. Só que, elas que quiseram fazer uma surpresa às outras duas, aparecendo sem que elas soubessem, acabaram elas mesmas por serem surpreendidas! Elas tinham feito mil quilómetros (e outros mil iriam fazer de regresso a casa) para nada, pois as amigas haviam ficado em casa!

Já durante o percurso de ida da caminhada, e que seria o mesmo caminho da vinda, apercebi-me que faltavam muitas pessoas. É verdade que eu e as outras duas lebres, que me fizeram companhia, ficamos uns bons bocados sentados, a descansar, comer e a conversar, enquanto muitas outras tartarugas nos iam passando, mas ainda assim faltava gente. E então só mesmo no final é que percebi que algumas delas haviam desistido logo na parte inicial do percurso, voltado para trás e ficando no tasco nos comes e bebes, aguardando que todas aquelas dezenas de pessoas, vestidas de verde-alface, chegassem daquelas mais de seis horas de caminhada e contemplação.

Mas um outro infeliz acontecimento havia ocorrido e feito com quem algumas pessoas tivessem perdido muito tempo, entre elas a presidente da associação, que tem sempre o cuidado de reunir as últimas pessoas, servindo como uma espécie de carro-vassoura. Infelizmente alguém havia caído e se magoado, a ponto de ter de ser transportada de helicóptero para o hospital. Será que eu conhecia esta pessoa? Eu ouvi comentar que era "uma mulher toda para a frente, de 67 anos com tatuagens...." Mas querem saber a melhor? Esta mulher, era uma das duas senhoras que haviam vindo de Lisboa de carro, que tiveram de fazer mil quilómetros para surpreender as tais outras duas amigas, as tais que haviam cancelado a viagem (para eu poder ter ido!) sem elas saberem.
Curiosamente ouvi também o relato de que a amiga desta senhora, durante a caminhada, lhe ia dizendo que, se calhar, o melhor era voltarem para trás, mas que ela insistia que não. Irónico não é?
Miracle!




O Marshall chamaria a este tipo de acontecimentos de milagres. Eu acho que prefiro chamar... Eventos de rara probabilidade?