Metade de 2015 chega agora mesmo ao fim.
Na verdade eu nunca espero nada sempre que um novo ano se inicia. Nunca faço votos, nunca espero nada de bom ou de mau, vivo um só dia de cada vez, sem grandes projetos futuros. Danço unicamente a música que o destino toca. Mas neste meio ano já muita coisa me aconteceu de uma só vez, se calhar demasiado para uma pessoa só. Mas se calhar teria de ser assim, teria de passar por tudo isto por algum motivo.
A ilusão, a angústia, o medo, o sofrer por antecipação, o encantamento, a culpa, a extrema tristeza, a extrema felicidade, a culpa, a revolta, o choque. Estes meses de 2015 têm sido um Adamastor de violentas emoções, tudo ao mesmo tempo.
Dizem-me que preciso aceitar, que é aqui que estou a ganhar a minha próxima vida. Não duvido que assim seja, tenho a humildade de aceitar as palavras de quem é muito mais sábio que eu. Mas eu nunca fui bom a aceitar o que de menos bom me acontece. Luto e resisto, mas sofro horrores, revolto-me, pergunto-me "porquê eu? que grande mal fiz para merecer isto"? Prendo-me, sou obsessivo, fico a reviver as coisas até ao último detalhe, pergunto-me se poderia ter feito diferente, se poderia ter feito melhor, para que as coisas tivessem acontecido de outra forma. Não esqueço, não me consigo libertar, não liberto os outros da minha mágoa.
Talvez nunca tenha sido bom a aceitar porque não sou de me resignar, e aceitar é como desistir de lutar. Não sou de dar a outra face e entre a espada e a parede, certamente que não vou aceitar de bom grado a parede, e vou a escolher a espada.
Mas talvez quando já nada dependa de nós, talvez aceitar seja o único remédio. Talvez aceitar a nossa condição seja o princípio da nossa redenção.
Não foi uma metade de ano de sonho, mas também teve momentos únicos, irrepetíveis, mas talvez tudo isto tenha sido parte de uma grande aprendizagem. Talvez eu deva estar grato a tudo o quanto me aconteceu, quer o muito bom, assim como o muito mau, e serão sempre tempos para recordar para sempre. E quem sabe, talvez um dia eu aceite, nem que seja numa próxima vida.