"Para contar de 1 a um milhão sem parar é preciso 11 dias.
Para contar a fortuna de Musk sem parar levaria mais de 13 mil anos.
Quem é que precisa de tanto dinheiro"?
(1a página da revista The New Republic)
"No início deste ano, soube que Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg valiam agora todos bem mais de 200 mil milhões de dólares. A notícia que li referia que, nos três casos, as suas fortunas tinham pelo menos duplicado na última década, e a de Musk aumentara até dez vezes.
Este é um aumento incompreensível. Passar, por exemplo, de 30 mil milhões para 300 mil milhões não é o mesmo que passar de 30 para 300 dólares, ou de 30 mil para 300 mil. Sim, todos são aumentos por um factor de 10. Mas ter 300 dólares significa que pode oferecer um bom jantar a si e a um convidado. Ter 300 mil permite comprar um bom barco. Ter 300 mil milhões significa que poderia comprar vários países pequenos.
A desigualdade de riqueza neste país atingiu proporções obscenas e claramente antidemocráticas. Nem sempre foi assim. Na verdade, nunca foi assim. Há cinquenta anos, J. Paul Getty era o homem mais rico do país, com 6 mil milhões de dólares. Hoje, mesmo ajustando à inflação, os mais ricos dos Estados Unidos mal considerariam convidar Getty para jantar.
Nesta edição especial, examinamos como é que isto aconteceu, o que pensam os americanos sobre esta realidade, e como poderá eventualmente ser revertida. O jornalista Timothy Noah apresenta o relato sombrio e épico de como chegámos até aqui. A cineasta e escritora Abigail Disney (neta de Roy, irmão de Walt) faz um apelo emocionado ao aumento dos impostos sobre ela e os seus pares. O veterano jornalista Joe Conason analisa a corrupção de Trump, argumentando que esse tipo de autoenriquecimento é característico dos regimes autoritários. E, por fim, encomendámos uma sondagem exclusiva, analisada pelo editor executivo Ryan Kearney, sobre o grau de consciência dos americanos em relação à desigualdade de riqueza (muito elevado) e o quanto gostariam de ver isso mudar (bastante).
As palavras de Louis Brandeis continuam a ser verdadeiras: “Podemos ter democracia neste país, ou podemos ter uma grande riqueza concentrada nas mãos de poucos, mas não podemos ter as duas coisas.” De formas que Brandeis nunca poderia ter imaginado, podemos estar prestes a descobrir qual das duas prevalecerá.
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