As eleições legislativas foram a 10 de março e eu não vi nenhum debate. O novo governo usurpador depois do golpe de 7 de novembro tomou posse a 23 e eu nem sequer escrevi por aqui o que achei do resultado das eleições. Nem sobre as eleições nem sobre coisa alguma porque não tenho escrito muito. Desculpa blog por só andar a partilhar as minhas leituras da imprensa internacional mas não dá para tudo.
Logicamente que é uma desculpa esfarrapada porque quando queremos arranjamos sempre tempo para tudo o que nos interessa. Escrever é sempre refletir nos meus pensamentos, e a verdade é que, como toda a gente, continuo sempre a refletir, só não tenho colocado aqui os meus pensamentos na tela em branco.
Não vi nenhum debate mas fui estando muito atendo ao que se ia passando, não que precisasse, pois sei sempre muito bem em que vou votar, ainda por cima porque as alternativas Também não são muitas.
Não vi os debates mas acompanho quatro ou cinco partidos nas redes sociais. Talvez tenha sido por isso que... e não foi a primeira vez, que, e vá lá saber-se porquê, sonhei com uma certa líder partidária.
Conversa vai e conversa vem, acabo a contar à minha ex-colega de trabalho (a quem se calhar terei de começar a chamar amiga), ao que ela me diz que é um sinal para eu ir para a política.
"Só se for pelas gajas", respondi!
E vai daí, até fui ver as candidatas a deputadas!, para ver, claro, se por lá havia candidatas boas!
E vou andando para baixo na lista, andando para baixo... e não é que encontro lá a minha ex-amiga e encontro-a na lista do partido político da mesma líder partidária com que tinha sonhado?
O mais curioso é que nos conhecemos num dos meus blogues. Ainda me lembro da primeira imagem em que a vi ao longe, antes de chegar junto dela. Um enorme chapéu que lhe tapava a cabeça, a pele branca e os longos cabelos pelos joelhos. Era um jovem animal selvagem, de aparência frágil e dócil mas assustadiço e de temperamento indomável.
Ao longo dos anos foi mudando bastante. E talvez eu, para o bem ou para o mal, também tenha contribuído para isso. Se lhe perguntarem de mim tenho a certeza que não terá muitas coisas boas a dizer. Claro que eu terei uma versão bem diferente. Não quero dizer que é a minha versão que está certa, é só a minha versão. Ela sentiu as coisas à sua maneira, eu agi e senti as coisas da minha maneira.
O resultado de cada adulto sempre foi alicerçado na infância. E ela, infelizmente, e não por culpa própria, teve muitas lacunas na sua infância (talvez a minha também tenha tido as suas mas ao menos não faltou o amor e os cuidados de mãe).
Obviamente que fico triste em saber que falhei de algum modo porque as coisas podem ser sempre diferentes para melhor. Ou talvez não pudessem e à partida o caminho já estivesse armadilhado e há acontecimentos que não se conseguem evitar e só podemos fazer uma gestão do controlo dos danos. Ou talvez tivesse que ser assim, e cada um seguir a sua vida...
Mas o que é realmente importante é que, ainda que tardiamente, começou a desabrochar e tornar-se adulta e mais responsável. Voltou a estudar e fez o seu curso, tirou a carta de condução (e não vou agora atirar-lhe à cara que tinha dito que nunca teria carro, porque é normal as coisas mudarem e um carro, principalmente para quem mora longe das coisas, funciona quase sempre como umas asas) e começou também a deixar-se moldar pelas convenções sociais. Também não é uma crítica, é só uma constatação.
Sempre a achei muito bonita mesmo com pelos nas axilas. Extremamente inteligente e talentosa, e talvez tenha sido mesmo a pessoa mais culta com quem convivi e, lá está, mais uma vez, tudo tem que ver com a base de onde partimos porque não nascemos todos no mesmo berço, mas também há tantos burros por aí que nasceram os famílias com mais pedigree.
Fico muito feliz que tenha seguido o seu caminho e que possa alcançar os seus objetivos. Daria certamente uma bela deputada para a nação, bem melhor do que aqueles cinquenta taberneiros que os portugueses elegeram - filha da puta da democracia! - para o parlamento.
De facto há coisas muito estranhas. E logo eu que quase nunca me lembro dos meus sonhos...
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