Há três anos e meio escrevi aqui :
"Os senhores convidados, entre os quais o autarca, procedeu à entrega dos prémios, deixou elogios aos treinos realizados na escola primária e deixou-nos à vontade para por lá ficar. De imediato aproximei-me dele, agradeci, mas a verdade é que ainda estou para saber porque raio não mais para lá voltamos. Toda aquela gente que ia treinar se perdeu. O pai e o filho, que no torneio logo se mostraram interessados em fazer sócios e treinar também nunca apareceram. Acabamos por angariar mais dois jogadores, o Leandro e o Paulo, sempre cheios de motivação e continuamos à espera que o treinador viesse do exílio, ou do fim do trabalho escravo como ele diria".
Muita coisa aconteceu nestes três anos e meio, se calhar, tudo menos o que deveria ter acontecido.
Como referi, por motivos que até agora me são alheios, não continuamos, como acordado a treinar na escola, apesar de tudo ter corrido bem. E eu não gosto nada que as pessoas não cumprem a sua palavra e nem sequer me tenham dado uma satisfação, até porque já não sou um cachopo.
No nosso grupo, uma mera dúzia de pessoas e tantas confusões, egos, intrigas e constantes manipulações. E ainda se diz que as mulheres são intriguistas. Homens maiores de idade, alguns casados e com filhos e a comportar-se como crianças.
Fizemos uns quantos torneios, não raras vezes éramos os mais fraquinhos, mas, como costumo dizer "é preciso alguém perder para os outros ganharem". Outras vezes, em torneios de gente não federada como nós, já era diferente e batíamo-nos de igual para igual.
Mas o importante é o parecer. Não é treinar com afinco. É parecer. Os polos que usávamos em competição eram quentes e feios. Porque o importante é perder com estilo. Importante não é treinar com afinco e ganhar, mesmo com polos pouco bonitos.
Intriga vai e intriga vem, conversas por trás, sempre por trás, a minar, porque pela frente é preciso ter tomates, e lá se conseguiu um patrocinador que pagasse uns equipamentos novos. Porque o que importa é parecer.
Nunca fui tido nem achado em nada. Era sempre o corno, o último a saber das coisas. Se calhar nem tinha que saber, afinal, não era responsável de nada no clube. Mas depois fui chamado a reunir quando fizeram merda. Disseram ao patrocinador que os equipamentos ficavam por 500€, mas afinal, iam ficar por 1250€.
À frente de toda a gente perguntei: "Mas está tudo louco? Vós fodestes 1250€ em equipamentos para oito pessoas"? Afinal tinham mandado fazer 16 equipamentos, porque "já fica, para quem vier"! Como se já soubessem que quem vier veste S, M, L ou XL! E voltei a perguntar: "1250 em equipamentos? Acham que não precisamos de nada mais importante?" Mas o que importa é parecer.
Os equipamentos iam custar o dobro do que tinham dito ao patrocinador. Esse era o problema. O presidente do clube nem sequer tinha sido informado. Colocou-se a carroça à frente dos bois. Mas quem fez merda que se limpasse.
Entretanto o presidente do clube que foi presidente durante tantos anos comunicou que iria viver para o Algarve e iria abandonar a direção do clube. Mal ou bem foi sempre ele que tratou de tudo, com tudo de bom e de mau que isso tem. E, apesar de ter as minhas questões pessoais, sempre disse que os nossos problemas não eram criados por ele, mas pelo pessoal que treinava, no fundo, por nós.
O Leandro, que é jovem e podia ser meu filho, que tinha vindo treinar quando estivemos aqueles dois meses na escola chegou-se à frente e foi o único. Ia fazer uma lista e tomar conta do clube. Os outros, os que manipulam, que são como aqueles cãezinhos pequenos que ladram muito pelas escondidas, mas perante os problemas metem os rabinhos entre pernas, esses nem um pio. Desde logo disse que tinha o meu apoio, afinal, era é dali da terra e é novo. Vai cometer muitos erros, mas irá aprendendo com eles.
Na campanha eleitoral para as autárquicas recebemos a comitiva do PSD. Fiquei a saber que a nossa pequena coletividade deverá ser a que tem mais associados na união de freguesias. Surpreendente.
Mas porque o que importa é aparecer, e porque alguns egos ficaram melindrados por, ou não terem sido escolhidos ou posteriormente, excluídos da lista por falarem de mais, acabaram por sair do clube e foram-se embora. E, apesar das perdas competitivas, interessa olhar o lado positivo e constatar que o ar ficou mais respirável.
Tomamos posse no início do ano. Logo fiz questão de pressionar para reunirmos com a Junta de Freguesia. E de falar em sítios com espaço para treinar. Lá reunimos e muito surpreendido ficou o presidente da junta. Então vocês não estão na escola? O antigo presidente não nos deixou continuar a treinar na escola mas nem se dignou a avisar a junta de freguesia que não íamos continuar a treinar lá!
O presidente da junta quis reunir connosco e com a responsável da outra associação que também está na escola. Eu fui representar o nosso clube. Enquanto esperava, via pelo retrovisor o carro do antigo presidente a aproximar-se e a passar na estrada. Parecia quase um sinal. Uma passagem de testemunho.
Mas como as coisas são curiosas. Fomos para a escola por minha iniciativa. Na altura o Leandro era só um jovem que frequentava o café em frente e foi lá experimentar. Ficou a treinar, evoluiu imenso como jogador e hoje é o presidente do clube e eu o tesoureiro. E três anos depois, sou de novo eu a formalizar o regresso à escola. Porque largos dias têm três anose porque o que tem que ser tem muita força.
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