O dia de S. Valentim (ou dos namorados) começa a estar na moda. Mas deve ser importação, já que não encontrei, até agora referência de tradições portuguesas dedicadas à efeméride. Cheira a aquisição recente e consumística, estudada pelo marketing e estranha a hábitos e cheiros da terra do quinteiro.
Não quer isto dizer que não haja, entre nós, tradições, usos e costumes de namoro e casamento. Basta lembrar o namoro à bicha, na romaria do Senhor de Matosinhos, onde o sinal de bom estatuto - ao menos da moça que atraía os pretendentes - era dado pela quantidade de namoros que viessem oferecer-se-lhe. Os pais, babados, ate diziam: "A minha filha tem tantos namorados!", contando-os e comparando-a com as vizinhas. Práticas, convenhamos, interessantíssimas, já que, evidentemente quem não apresentasse bons cabedais e sólidas propriedades poucas hipóteses teria de conquistar a amada. Por onde andariam paixões e arroubos nesta sociedade tão pragmática em matéria de casamento? Não sei responder-lhes. A maior (e única) subversão do costume era dada pelos estudantes que, disfarçados de pretendentes ricos, se infiltravam nas carreiras e iam prometer mundos e fundos, pondo as cabeças de raparigas e pais a fazerem contas à riqueza, antes de descobrirem a marosca.
O casamento surge igualmente rodeado de crenças. Por exemplo: a aliança de ouro era usada há mais de 3000 anos nas cerimónias nupciais egípcias, sob a forma de ricos anéis decorados, mas o facto de se usar no dedo anelar esquerdo é romano. De tal dedo, uma veia dirigia-se diretamente ao coração (ideia poética para romanos, noutros aspetos tão sensaborões).
Superstições existiam várias: marcar o enxoval com o monograma do nome do noivo dava azar, maior se a noiva visse o noivo, no dia do casamento, antes da cerimónia. Assim como pôr o véu, ainda que para simples prova. O sapato velho atado ao carro dos noivos é resquício de tempos em que a mulher se sujeitava ao poder masculino. O sapato, símbolo da autoridade paterna, significava a transferência desta para o noivo. Também noutras épocas havia o arroz ou milho em abundância. Atiravam-no aos noivos para lhes augurar que tivessem filhos. O arroz é símbolo oriental, significando possa a vossa despensa estar sempre bem provida. Agora à guisa de compensação atiram confetis ou papelinhos porque o arroz está caro. As fores de laranjeira - símbolo de pureza - têm origem árabe; de Israel provém a simbologia de lealdade e amor dada por uma peça de roupa de cor azul, usada pela noiva.
Olá, boa tarde!
ResponderEliminarA sério que não encontrou nada referente ao dia de S. Valentim? :) :))
Pois bastava consultar as reservas nos restaurantes e os preços exorbitantes das rosas neste dia.
Sim porque o dia dos namorados como lhe chamam não passa de mais uma razão para consumir.
O Amor não tem preço e deve ser mostrado todos os dias das nossas vidas mutuamente.
Para um casal acho muito importante haver aquelas lembranças muito pessoais tais como dia em que se conhecem, fizeram aquele tal passeio, eventual casamento, ou algo do género.
Lembrar esses momentos com carinho até fica barato e enche a alma. :)
Boa semana!