sexta-feira, 16 de junho de 2017

Será que as promessas prescrevem?

"Nunca mais ponho os pés no Hard Club".

Já foi há bem mais de dez anos. Doze ou treze anos talvez. 

Afinal já passaram mais de 14 anos. Haveria de ser remarcado a 15 Fevereiro 2003. Obrigado Internet.

O concerto era de três bandas portuguesas: Desire, Thanatoschizo e Azagatel
Eu tinha comprado previamente o bilhete na FNAC. E na semana do concerto tinha sido uma semana de cheias no rio Douro. E como rapaz previdente que era, passei na FNAC no dia do concerto para saber se este se ia mesmo realizar, e responderam-me que não tinham qualquer indicação em contrário. 

E lá fomos, eu a namorada da altura para o Hard Club, em Gaia, ali mesmo junto ao rio Douro. Chovia e ventava e a água do rio estava muito perto da estrada. Quando lá chegamos, muitas outras pessoas por lá estavam também a aguardar. E haveríamos de aguardar muito tempo. Da organização nem uma palavra. E as pessoas continuavam cá fora, ao vento e à chuva, sem perceber muito bem se ia haver concerto ou não. 

E eis senão quando, duas horas depois! vem cá fora um sujeito, de cabelo rapado dos lados, que até me pareceu ser o vocalista de uma conhecida banda rock do Porto, e coloca um papel na porta, a dizer que o concerto estava cancelado. 

Antigo Hard Club Gaia (http://oitentacoes.blogspot.pt/)

Obviamente que fiquei pior que estragado. Mas tratei de investigar. Agora que penso, se não estou em erro até estávamos no final de Dezembro de 2002. E como já havia internet na altura (ainda que eu não tivesse net em casa) tratei de contactar as bandas por e-mail, para tentar perceber o que tinha acontecido. E a banda que me respondeu foi Desire, que curiosamente até eram os de mais longe, de Lisboa. E o que fiquei a saber junto da banda, é que nem sequer estiveram no Porto no dia do concerto, pois já estava acertado com a organização do Hard Club que o evento iria ser cancelado. 

E pois então, se estava podre, ao saber da verdade pior fiquei. Questionei a organização do Hard Club e respondeu-me uma tal de Ana Póvoas. E a senhora, em vez de meter a viola ao saco e assumir o erro, não, arma-se em arrogante comigo. "Já que está tão bem informado" escreveu ela no e-mail... e ainda tive que me andar a chatear para reaver o dinheiro de volta, pois nem sequer sabia quando o concerto iria ser remarcado, e também não sabia se estaria disponível para ir, se de facto quisesse ir.

Mas na verdade eu não estava mais interessado em ir a concerto nenhum, nem estava mais interessado em pôr os pés no Hard Club, uma das salas mais interessante para concertos do país. E não estava porque como cliente não gosto de ser maltratado, pior ainda, quando reclamo ainda se armam em arrogantes comigo. E eu ia frequentemente ao Hard Club. Vi lá bastantes concertos. Mas a partir desse dia disse: "Não mais ponho os pés no Hard Club" e não pus mesmo. 

Mas três anos depois, o Hard Club de Gaia até acabaria mesmo por de encerrar portas. 

“O Hard Club vai fechar portas devido ao elevado montante de dívidas acumuladas, adianta o Correio da Manhã. O jornal adianta ainda que o espaço de Vila Nova de Gaia pode ser vendido a particulares que o transformarão num restaurante de luxo. A gerência do espaço, assegurada por Kalú, dos Xutos & Pontapés, está também a tentar assegurar um novo local para manter em funcionamento o clube, também na área do Porto.”

(http://oitentacoes.blogspot.pt/)
E haveria de reabrir, anos mais tarde, em 2010, mas do outro lado do rio, na cidade do Porto, ocupando o espaço do Mercado Ferreira Borges. Mas ao que parece a má gestão continuou, pois chegou a ser público que a empresa tinha salários em atraso aos trabalhadores e não pagava a renda mensal de 2500€ à Câmara Municipal do Porto.

Cheguei a ir lá. Mais do que uma vez. Levar amigas que não eram da cidade. Mas nunca fui a um concerto. Lembro-me até de, certa vez, uma amiga me ter feito esperar até às três da madrugada. só porque queria uns autógrafos e umas fotografias com os músicos de Anathema. 

Cheguei foi a ir ao bar para comer qualquer coisa. E esperei e esperei e esperei. Sentado! Não havia jeito dos empregados virem fazer o pedido. E acabei mesmo por me chatear, levantei-me e vim-me embora, pensando que realmente, aquela empresa, é mesmo uma casa a arder. 

Nunca mais lá meti os pés. Sim "eu sou fodido" como dizia um amigo meu. Sou fodido porque sou um homem de palavra. Mas agora estou a pouco mais de 24 horas de quebrar a promessa. Há longos meses que uma amiga me tinha convidado a ir com ela ao concerto de HIM (banda que até nem me diz grande coisa pois nunca fez parte do meu cardápio musical) mas disse-lhe que sim. Afinal, tantos anos depois, é mais importante uma amizade que uma frase dita há tantos anos. 

E na verdade o local até já nem é o mesmo, até é numa cidade diferente, apesar de curiosamente ser a pouco mais de 1Km! Mas a empresa, sim, essa é a mesma. Mas será que há aqui alguma espécie de atenuante? E afinal passaram mais de 14 anos... 

E depois, por estes dias, ela vem-me dizer que já há gente a oferecer 500€ por um bilhete. Quer dizer, 500€ é dinheiro! Bom quem sabe, por artes mágicas, ainda pode ser que o venda! Porque se não, estou na dúvida: vou ou não quebrar uma promessa 14 anos depois?

E será que as promessas também prescrevem?... assim mais ou menos como as investigações ao Paulo Portas, estão a ver?

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