terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Nuvens negras matam em 2015

Mensagem de Natal 2014 de sua excelência o primeiro-ministro Coelhinho:

"Este será o primeiro Natal desde há muitos anos que os portugueses não terão acumulação de nuvens negras no seu horizonte".







Pois é Coelhinho, mas as nuvens negras estão aí e já matam. Deixam as pessoas morrer, enquanto privatizam tudo para meter o dinheiro no cu dos amigos e salvam bancos privados falidos.Não há dinheiro para salvar vidas. Para salvar Bancos já há todo o dinheiro do mundo. Curiosas prioridades estas. 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Seis meses de outra coisa qualquer

Parece que ainda foi ontem, mas faz já esta semana seis meses que voltei ao mercado de trabalho depois de um longo calvário.

Os dias deixaram de ser todos iguais. Os fim-de-semana e os poucos feriados que ainda nos restam, voltaram a ter a importância que já não tinham. Afinal, são os dias de descanso, de lazer, de regabofe e o pequeno tempo livre, para tratarmos das nossas próprias coisas, pois se nós não as fizermos, não temos nenhum trabalhador que as faça por nós. Quando estamos desempregados, os dias são todos iguais, quando se trabalha, estes dias são o pequeno intervalo de tempo, que a escravatura laboral permite.

Depois de um longo e penoso calvário, quando arranjamos um emprego, e alguém, no meio de tantas outras pessoas, decide apostar em nós, senti-mo-nos muito agradecidos pela oportunidade, e no meu caso, fiquei também ansioso e com medo de falhar, e eu sei que isso não é lá muito bom.




Mas o que eu sinto, e não sei se é estranho ou não, se é comum a outras pessoas ou não - se algum psicólogo passar por aqui que o diga - é ter um sentimento de agradecimento. Sinto-me quase como uma espécie de trabalhador-cão-abandonado.

Se fizermos uma festa, alimentarmos e acolhermos um cão abandonado, este (ao contrário das pessoas) ser-nos-à fiel até ao resto dos seus dias. E o que eu sinto, é muita gratidão para com as pessoas que me escolheram. Claro que escolheram a pessoa que acharam que seria melhor para eles, no fundo não me fizeram nenhum favor. E eu sei que não me escolheram pelos meus lindos olhos verdes, mas sim por acharem que eu talvez fosse o melhor dos candidatos. E se eu não servir, sairei rapidamente pela mesma porta por onde entrei. Sei perfeitamente disso.

Mas não deixo de ter esse sentimento de gratidão. Logo eu que até sempre tive um espírito muito reivindicativo, quase sindicalista, hoje em dia nem olho para o recibo do vencimento. Estou-me a borrifar se aquilo está certo ou errado. Estou a trabalhar e é isso que me importa.

X.: Fazem agora também seis meses que me ajudaste quando mais precisei, e eu não me esqueço de quem me faz bem. Ainda assim escusavas de ter desaparecido, contudo, espero que, onde quer que estejas, estejas bem. Vê-mo-nos por aí noutra vida qualquer.

Cancro: Quando eu?

Muitas vezes acontecem-nos coisas negativas, e tão pouco prováveis, que na revolta nos perguntamos "porquê eu"? No que ao cancro diz respeito, trata-se agora só de uma espera. Esperar que nos calhe a nós. Fumadores, não fumadores, gente doente e gente saudável, todos estamos a morrer de cancro. No entanto grande parte das pessoas, incluindo os políticos que têm o poder de mudar muitas coisas, andam todos, a fazer de conta que o cancro, ainda é uma coisa que só acontece aos outros.

São pessoas amigas que nos contam que foram a um funeral de um amigo ou familiar que morreu de cancro; é uma colega de trabalho que nos conta o drama que viveu no processo de quimioterapia; são familiares de quem nada sabíamos há muito que morrem de cancro;  são figuras públicas que morrem de "doença prolongada"; são funcionários públicos que morrem por estar a trabalhar debaixo de telhas com amianto e o governo nada faz, porque não são eles que lá têm de trabalhar; é uma pessoa, sem cabelo que se senta ao nosso lado no comboio, ou passa por nós no centro comercial; e são pessoas que vivem connosco na mesma casa que nós.



É um vizinho, boa pessoa, que aparentava andar cheio de saúde, que se sabe que tem cancro, ao que parece não operável, está por casa sem trabalhar e comenta-se que já não quer visitas. 

Não é fácil lidar com tudo isto. Não é fácil colocar-me na pele dele. Não é fácil, de um momento para outro, sabermos que temos pouco tempo de vida, e que o fim não será dos mais fáceis.

Todos estamos a morrer, é um facto, mas existem muitas formas diferentes de morrer. Nenhum de nós sabe como será a sua morte, mas certamente se nos fosse dada a possibilidade de escolha, ninguém escolheria morrer de cancro. Não é uma forma digna nem misericordiosa. A morte não chega até nós e diz-nos "vem comigo, chegou a tua hora". Não, diz-nos "vais morrer brevemente, mas antes, ficas aí a definhar até não aguentares mais. Depois sim venho-te buscar". 

Mais do que qualquer pessoa, eu tenho uma grande probabilidade de vir a ter - se não tiver já - um cancro. A ciência da medicina ocidental, está a medicar-me, e chegaram à conclusão que, ponderando os pós e os contras, é melhor eu poder morrer de cancro, mas ir tendo alguma qualidade de vida. E isso a mim não me deixa muito tranquilo sinceramente. 

Ponderando bem, começo a perder o medo de andar de avião.