Já agora, para recordar como estes últimos cinquenta anos foram os melhores da nossa História basta ler alguns factos na crónica de Filipe Luís na Visão do dia 3 de julho:
"Os últimos 50 anos, período que coincide com o regime democrático, foram, provavelmente, aqueles em que o nível de corrupção, em Portugal, terá sido mais baixo (...) Os cartazes e os discursos populistas – sim, refiro-me ao Chega – que falam de 50 anos de corrupção são desmentidos pelos factos: houve imensa corrupção, como há, em todos os regimes, mas nunca ela tinha sido tão sistematicamente prevenida, investigada e, no final – o mais difícil e, portanto, ainda com caminho para andar –, punida. Os portugueses mais velhos, com boa memória, lembram-se do País da “atençãozinha”, do “empenho”, do untar as mãos ao fiscal, ao polícia de trânsito ou ao simples manga de alpaca das Finanças. Tudo isto ainda se passa? Sim, pontualmente. Mas é muito mais arriscado. Na pirâmide de favores, cunhas e endogamia sistémicos, a dimensão da metástase corruptiva aumentava consoante crescia a importância do detentor do cargo público ou do servidor do Estado, até à dimensão da oligarquia pura e simples. Antes disso, desde os Descobrimentos, passando pela Monarquia Constitucional e pelos desmandos da I República, é bom nem falar. No Estado Novo, a inexistência de imprensa livre e a ficção de uma separação de poderes que não existia eram sinónimo de inexistência, também, de exemplos de corrupção. Claro, nunca apareciam à luz do dia. E até um escândalo sexual, o caso Ballet Rose, em que altas figuras do regime estiveram comprovadamente envolvidas numa terrível organização de pedofilia, quando foi denunciado, pela oposição, à imprensa internacional, valeu aos seus denunciadores perseguições políticas implacáveis, ordenadas pelo governo e pela polícia de Salazar.
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