No princípio era o amor
Veio depois o Império do Ter
auxiliado pela Religião e pelo Poder 
O Amor viu-se vilmente escorraçado 
e mais tarde sacrilegamente crucificado
Da Morte ergueu-se vigoroso
quando mais parecia destruído
No fim é também o Amor 
Agora é ainda o Tempo
a luta de classes 
onde o Amor progride
sempre que é escorraçado 
por Homens da Religião e do Poder 
estupidamente ao serviço do Império do Ter
Pelo Amor assim maltratado 
Jamais hei-de chorar 
mas por quem assim o maltrata 
soluço dia e noite inconsolável
(Mário de Oliveira / Janeiro 1980)
- "Tornei-me, um dia - disse, a dada altura, Judite - propriedade e proprietária de um homem mediante um contrato de casamento. Como quase todos os jovens, educados nesta e por esta sociedade informada pelo capitalismo e pela Cristandade que ideologicamente a aguenta e justifica, também eu confundi Amor entre homem e mulher com posse de um pelo outro. Possuí e deixei-me possuir. E, com isso, reconheço, hoje, à luz do que este acontecimento nos vem inundando que, afinal, matei o Amor, no momento em que convictamente o afirmava. Dez anos somo já, em que fui propriedade privada de um homem em nome do Amor que é, de sua natureza, dom gratuito. Vivi para a casa, para o marido e para os filhos que nos nasceram. Como o capitalista explorador vive para a fábrica, para os negócios e para o lucro".  
 
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