domingo, 20 de novembro de 2022

Torneio de Ténis-de-Mesa Bombeiros de Melres


 Três meses e meio depois de ter organizado com um colega um torneio de ténis-de-mesa, eis que nos propusemos a organizar outro mas desta feita para os Bombeiros aqui da terra. Ou seja, iria estar a trabalhar pro bono e todo o dinheiro angariado nas inscrições seria entregue a esta associação humanitária. E se no torneio de 31 de Julho estiveram presentes 21 pessoas, neste a expectativa seria para um número bastante superior o que implicaria uma maior logística. 

A ideia foi do meu colega que até já foi da direção dos bombeiros. Reunimos com o responsável que foi extremamente acessível e pusemos o plano em marcha. Pedi ao ao meu colega da empresa se me fazia o cartar, e percebi que para um especialista é coisa para estar pronto em vinte minutos, que, depois de pronto, foi aprovado pelo responsável.

Fase da promoção. Cartazes imprimidos toca a afixar por aí, ainda que tivesse sido uma quase formalidade. Já sabia perfeitamente que poucas pessoas aqui da terra se iriam inscrever e que o grosso das inscrições viria dos interessados das redes sociais. 

Seguidamente reunir com a edilidade local, expor o que estávamos a fazer e solicitar ajuda para oferecer uns troféus aos melhores.

Acho que me revelei um razoável relações públicas e cultivador de amizades desportivas e rapidamente já tinha trinta pessoas inscritas. Se primeiro estava ansioso por poder ter poucas pessoas, depois, comecei a ficar ansioso e a entrar em paranoia porque começava a ter pessoas a mais e mesas a menos. 

Cartaz, promoção, troféus, material. Mais uma vez a associação, simpaticamente, emprestou-me tudo o que precisava e aquilo ficou com um ar extremamente profissional. E ainda conseguimos duas extra, cortesia da central aqui da EDP.

Era chegado o dia do sorteio e eu acordei a pensar que não iria jogar. Porque era preciso alguém estar na mesa a controlar o que iria acontecer, porque assim poderia tirar todas as fotografias que me apetecesse, porque assim não estaria dividido entre a organização e ainda me preocupar com ter que ir jogar.  

Mas ao fim da tarde falei com uma amiga que me chamou à razão. Que não fazia sentido todo o trabalho que tive para depois nem sequer ir jogar. E assim foi. Ainda por cima porque, comigo, éramos precisamente 44 atletas, o que era perfeito, pois dava onze grupos de quatro cada. 


Mais uma vez, tal como em Julho elaborei um sorteio quase mais complexo do que a Liga dos Campeões! E, no dia seguinte, véspera de torneio, reunimos para os últimos pormenores. Um dos meus colegas foi de grande ajuda pois tratou de fazer no Excell tudo muito organizado e de forma muito profissional. Ainda por cima trouxe um conhecido, a quem deu uma breve formação de como aquilo iria decorrer, para que ele, da parte da manhã ficasse na mesa da organização a receber o dinheiro e a chamar pelo microfone os atletas dos diferetes grupos. Os atletas iriam chegam, pagar inscrição e, assim que o seu grupo estivesse completo começavam a competir para que todo o processo fosse rápido e fluído. Deixou lá um computador e impressora, afixamos uma folha com os grupos e estávamos preparados.

Chegado o dia do torneio acordei por volta das quatro da manhã e já não dormi mais com a ansiedade. Cheguei à sede dos bombeiros cinquenta minutos antes da hora de começar e já lá estava a equipa de Braga para começar o aquecimento! E é assim que tem que ser, chegar sempre cedo, ao contrário do que nós temos feito quando nos deslocamos a outros torneios. 

Aos poucos e poucos as pessoas foram chegando e eu fazia o papel de anfitrião e, assim que via alguém chegar, ia ter com essa pessoa, perguntava quem era e de onde vinha e dizia que foi comigo que falou e dava-lhe alguns detalhes de como se ia realizar a competição. 

Eu tinha calhado no penúltimo grupo e pensei que só iria entrar em ação por volta das 10:30, mas os planos saíram-me furados. O meu grupo foi dos primeiros a estar completos e lá fui à pressa buscar a raquete e o pano para  cabelo e digo para o meu colega de trabalho, que também veio jogar: "é hora de entrar em ação"!

De repente um enorme colorido formou-se no pavilhão e as seis mesas estavam todas ocupadas com atletas a competir. Tudo foi decorrendo de forma muito fluída e conseguimos mesmo, antes de irmos todos almoçar, realizar a eliminatória dos 16 avos de final.

Eu tinha previsto que nenhum atleta nosso ficaria nos oito primeiros lugares, os classificados para os quais tínhamos troféu simbólico. 

Recebemos inscrições de clubes de Vila Nova de Cerveira, Viana do Castelo, Braga, Porto e claro, Gondomar. E o raciocínio lógico era: "ninguém vem fazer tantos quilómetros para chegar aqui e não dar uma para caixa"! 

Por outro lado tenho a noção que, mesmo sem termos treinador e nenhum nunca ter sido federado, parece-me que estamos ao nível de algumas equipas dos distritais ou challenge. 

Os atletas mais fracos fariam sempre, no mínimo, três jogos contra outros três atletas. Mas, ainda assim replicamos uma ideia que vimos noutro torneio e que nos pareceu interessante: fazer uma Liga B em que os atletas eliminados poderiam continuar a competir e ninguém teria que se ir embora. E isto tinha ainda outra utilidade. O bar estaria aberto com petiscos para o pessoal comer, e, quantas mais pessoas por ali andassem, mas consumiriam e mais dinheiro se angariaria para a campanha da compra de uma ambulância. 

Ao contrário de vários outros grupos tive sorte e calhei num grupo acessível e fiquei em primeiro lugar evitando assim, a seguir, jogar contra primeiros classificados de outros grupos. Nos 1/16 de final  defrontei um colega do meu clube, que tinha ficado em terceiro lugar noutro grupo, vencendo e avançando na competição. Estava nos dezasseis melhores e iria agora tentar nos oito melhores.


Calhou-me um atleta brasileiro de Braga, de boa técnica e de imediato comecei, vá lá saber-se porquê, a tremer. Venci o primeiro jogo e o segundo, e  recordo que entre jogos troquei umas palavras com um atleta de São Pedro da Cova que estava a arbitrar e que me disse mesmo "estás a tremer, até se nota daqui! tem calma que jogas melhor do que ele". Ele também também está nervoso mas tu estás todo a temer". E era verdade. Eu mesmo sentia-me a tremer e já tinha acontecido recentemente, no torneio de Ovar. Achei que os muitos torneios que tenho disputado me tinham deixado muito mais solto, mas, vá lá saber-se porquê, nestes dois últimos voltei a ficar muito ansioso. 

Nos oitavos de final deparei-me com outro atleta de Braga com quem já tinha jogado em Ovar no torneio por equipas e que tinha vendido e fiquei com o seu contacto para os convidar para este torneios que estávamos a organizar. "Desta vez vou-te ganhar, vai ser a minha desforra", disse-me! Mas apesar de também ser bom tecnicamente, talvez o seu estilo de jogo não encaixe bem no meu, e voltei a vencê-lo. Até aqui tinha defrontado seis atletas e todos vendi por 3-0. 

E assim em pezinhos de lã estava nos quatro melhores, o que para mim, era um excelente resultado!

E na meia-final, e pela terceira vez este ano, calhou-me em sorte o meu camarada comunista. E pela terceira vez venceu-me, e, desta vez, ao contrário das duas anteriores, com alguma facilidade. Eu caí para o jogo de atribuição de terceiro e quarto lugar e ele avançou para a final. 

Eu perdi o terceiro lugar por um triz (3-2) e o meu camarada na final também não conseguiu farinha do atleta de Braga que venceu com todo o mérito o torneio. 


Estava completada a parte desportiva falta a cerimónia protocolar. Eu tenho pedido que precisávamos de um pódio e os senhores dos bombeiros trataram disso. Primeiro pensou-se em ficar no exterior mas, depois de um sábado de sol, a meteorologia previa chuva a partir das três da tarde. E, contrariamente ao que alguns achavam, não falhou. Trouxe-se então o pódio para dentro e colocamo-lo no cima das escadas, numa parte nobre do edifício. O meu colega disse que fazia as honras e ficava com o microfone, e, de forma muito organizada delineou as pessoas que iriam entregar os troféus aos atletas. Ah, pois! Isto é amador mas tem que ter tudo como nos profissionais!

O que eu não previa era que ele, depois de um breve introito, me ia passar o microfone "ao organizador" e eu lá tive que falar de improviso, mas nem acho que tenha corrido mal. De seguida também os responsáveis quer dos bombeiros, quer da junta de freguesia tiveram breves palavras de elogio para com o evento e procedeu-se à entrega dos prémios. 

Eu posso dizer que, mesmo que tivesse ficado no último lugar, fiquei muito contente com a organização. Estivemos mesmo de parabéns. Tudo decorreu como planeado e toda a gente foi muito elogiosa connosco. Tudo decorreu com enorme desportivismo, e depois de toda a trabalheira que tive, em que durante uma semana andei a correr para a associação, a transportar mesas, separadores, e a montar o espetáculo, no fim, valeu mesmo a pena. Correu tudo muito bem. Promovemos a nossa terra, promovemos o ténis-de-mesa e competimos em sã convivência. 

Um dos colegas que comigo ajudou na organização disse-me mesmo que lhe disseram: "já fomos a torneios oficiais que não tinham este nível de organização" e não há dinheiro que pague ouvir uma coisa destas.  

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