Saía do treino, tarde e a más horas com o meu colega e ele pergunta-me: vamos à banda perguntar ao Ricardo se nos deixa organizar um torneio lá?
E assim foi. O dono do café que explora o espaço logo acedeu de forma simpática, comunicamos no grupo da direção como quem nem sequer espera o aval, e avançamos. E rapidamente ele já tinha patrocinador para os prémios, cartaz, enquanto que eu fiquei com a organização da competição.
Arranjei todo o material, separadores e marcadores na associação, e comecei a pensar na forma de organizar o sorteio, fase de grupos e eliminatórias até à final.
Divulgamos os cartazes bem como nas redes sociais. Desde a primeira hora sabia que os nossos amigos do Vila Verde viriam, recebi também e de forma surpreendente a inscrição de um clube do Porto com três senhores veteranos e federados já nossos conhecidos de outras competições e fomos aguardando por mais inscrições.
Comecei a ficar nervoso e ansioso. Não sabia se haveria de estar só na mesa a organização o torneio ou se também poderia jogar. Pesei os prós e contras. Seria bem mais tranquilo estar só focado na organização mas a verdade é que eu gosto de jogar. Acabaram por me incentivar e assim foi. Fiz as duas coisas.
No dia anterior ao torneio transportamos as mesas para o local do evento e montamos o espetáculo que se realizaria no melhor dia para não sofrer nenhum desgosto: o 31 de Julho porque depois entraria Agosto!
Preparei o sorteio que foi quase mais complexo que um sorteio da Liga dos Campeões! Os papelinhos, em cartolina preta foram tirados pelo dono do café. À noite ainda estive a tratar de algumas coisas. Enviar e-mails para os dois clubes que vinham, fazer os mapas com os jogos dos grupos que iriam estar na mesa de quem arbitrasse. Fui deitar tarde e levantei cedo, para cedo estar a receber os atletas. Levei o computador portátil e a impressora da coletividade.
E as pessoas começaram a chegar. Recebia o dinheiro das inscrições e comecei a preparar o início dos jogos. Fazia a chamada dos atletas que iriam jogar de seguida. E também tive que jogar quando chegou a minha vez,
Foi tudo muito simples, sem conflitos, todos com um bom espírito de desportivismo e as coisas foram decorrendo bem. E eu lá fui avançando também na competição e a determinada altura percebi que já estava nos quatro finalistas.
Iniciamos a competição pouco depois das 9h e acabou depois das 17h.
E por grande sortilégio, na meia-final, iria defrontar o mesmo atleta que me tinha vencido em São Pedro da Cova há uns meses. E voltei a perder pelos mesmos 3-2 porque, de facto, ele é-me superior, ainda que os jogos sejam sempre discutidos taco-a-taco até ao final e a vitória possa cair para qualquer dos lados. E um dia terá que cair para o meu. Pelo menos assim espero!
Gosto muito daquele pessoal de São Pedro da Cova. Parece-me boa gente.
E, seguindo o que tinha delineado, iria-se jogar, antes da final, a atribuição do terceiro e quarto lugares. Mas logo o senhor da equipa federada do Porto me disse que nestes torneios individuais não há esse jogo, só por equipas. O colega dele contrapôs que nós é que estávamos a organizar e nós é que tínhamos que decidir e, se queríamos fazer esse jogo, ótimo! Eu ainda tentei escapar, porque, como estava a cair de cansaço queria mesmo era descansar, mas como vi que o senhor que iria disputar o pódio comigo queria jogar lá acedi.
Pensei mesmo que iria perder. Primeiro porque da última vez que jogamos ele venceu-me, depois, porque já não podia com uma gata pelo rabo! Mas a verdade é que, mesmo assim, acabei mesmo por vencer por 3-1 e garanti o último lugar do pódio. Não é que fosse importante, mas, se não tivesse disputado esse jogo teria ficado em quarto lugar porque o terceiro lugar seria atribuído a quem perdesse com o vencedor do torneio.
E a final, mesmo para um torneio amador como este, acho que foi espetacular. Muito bem jogada. Foi discutida até à última jogada e caiu para o senhor mais velho, ficando o meu conhecido num honrroso segunda lugar.
Logo de seguida improvisamos o pódio, que no dia anterior tinha sido pintado cá em casa pela minha mãe!, e chamei os três primeiros classificados, começando por mim mesmo! A filha do dono do café procedeu à entrega dos prémios simbólicos e as pessoas começaram-se a despedir, desfazendo-se em elogios e afirmando que passaram um domingo espetacular.
E no fim de tudo é isto que importa. Passar bons momentos. E neste dia, muito mais importante que a minha prestação desportiva, e ainda por cima estamos a falar de desporto amador, era que as coisas tivessem corrido bem e as pessoas tivessem gostado. E gostaram.
E, tendo em conta que nunca sequer tinha organizado um torneio de bisca, acho que até me saí muito bem!
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