quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Ó Viagem Medieval: 30 é Mais do Que 70?


Depois do interregno pandémico lá regressei à Viagem Medieval. Tal como me farto de ouvir os meus pais sobre a falta de respeito da SIC na novela da tarde, também eu há muitos anos critico mas acabo por regressar sempre à feira medieval, a original. 

Tinha ficado alinhavado uma visita no fim de semana com os colegas de trabalho. Mas falei com o meu amigo. A namorada não podia, mas veio ele. Combinamos às três da tarde e às três da tarde estava eu a dar cinco euros pelo bilhete de uma feira que durante tantos anos foi gratuita. 

Lá nos encontramos junto à igreja e aquela hora, eu, que já lá vou há mais de vinte anos, nunca tinha visto tanta gente. Este ano é sempre tanta gente em todo o lado. Depois de dois anos em casa está tudo cheio de dinheiro e a querer gastá-lo e meter fotos na internet para mostrar que são pessoas que fazer coisas.

Pusemos a conversa em dia, quase em modo caminhada pelas ruas e floresta da feira. Invariavelmente falamos sempre da política, da nossa vida. Falou-me que agora comece Lisboa como as palmas das mãos. Que se tivesse hoje vinte anos ia viver para lá. É lá que estão as boas ofertas de trabalho e que se ganha bons salários. 

Disse-me também que se sentiu especial. Afinal, no meio de todo aquele maralhal era a única pessoa que estava de máscara. E claro que eu só me dou com pessoas especiais!  

Apesar de fresco o sol acabou por me avermelhar a testa. E eu que ando quase sempre com protetor solar. Mas para a testa não queimar é preciso aplicá-lo na testa. E ainda por ali estivemos um bom tempo sentados, à sombra. 

Aquelas ruas repletas de gente. Às cinco da tarde já eram enormes as bichas para comer. E grandes ajuntamentos não é mesmo para mim. E bem antes do previsto acabei mesmo de me vir embora com ele. 

No dia seguinte a surpresa: no jornal a organização fala num recorde de visitantes de sempre e fala nuns impressionantes trinta mil visitantes. Acontece que em 2019, tinham anunciado setenta mil visitantes!

A organização da viagem medieval mostra que leva o rigor histórico da feira medieval muito a sério encarna o perfil da grande generalidade das pessoas na Idade Média não sabia ler nem escrever. Contudo, ainda assim, essas pessoas para fazerem a sua vida e irem à feira e comprar e vender sabiam contar. 

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