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Frases feitas. "Não há amor como o primeiro".
Mas será mesmo assim? Afinal isso significa concretamente o quê? Que nunca iremos viver um amor tão intenso como com aquela primeira pessoa que, muitas vezes, o único mérito que teve foi, simplesmente, no nosso pequeno universo, ter sido a primeira a aparecer? E, se tantos anos depois, pudéssemos voltar atrás, e fizéssemos uma troca temporal na nossa vida? E essa pessoa, que teve a sorte de ter sido a primeira, aparecesse mais para a frente no tempo, e outra pessoa, de quem também gostamos muito, passasse a ter sido a primeira pessoa que amamos? Como é que seria? A importância das pessoas seria a mesma? Qual seria agora o amor mais importante? Seria a mesma pessoa, independente do lugar em que aparecesse, ou já seria a primeira? Mas então a relevância do amor mede-se só pelo acaso de termos esbarrado em determinada pessoa em primeiro lugar?
Para mim, o encanto do primeiro amor tem unicamente que ver com uma coisa: a descoberta das novas sensações. Foi com aquela determinada pessoa que descobrimos aquele sentimento forte, o amor, sentimento esse que, todos aqueles que o sentiram, acreditaram e quiseram que tivesse sido para todo sempre. Tal como foi com essa pessoa que, muitas vezes, se descobriram tantas outras coisas em conjunto. Mas, por este ou por aquele motivo, as pessoas afastaram-se, e, como que traíram esse sentimento. E o tempo há-de passar, e muitas vezes um novo amor há-de aparecer e as pessoas voltarão a estar sozinhas, e em vários momentos das suas vidas voltarão de novo a olhar o passado com nostalgia.
A nostalgia dos tempos passados. A mesma nostalgia que invade as pessoas quando se lembram de coisas que faziam na sua infância, quando se lembram dos colegas de escola ou amigos de longa data que não vêem há anos. Lembrar o primeiro amor é mergulhar na nostalgia do primeiro encantamento, no tempo em que ainda se pensava que o primeiro amor seria para sempre. Mas afinal não foi. E não raras vezes o segundo e o terceiro também não. E, se calhar, o melhor seria voltar ao passado, ao tempo do primeiro amor, e fazer tudo de novo, para que o primeiro amor pudesse dar certo e não tivesse sido preciso falhar tantas vezes de novo. Certo? Não, errado.
Eu, sarcasticamente, costumo dizer que não há amor como o segundo. Mas, em boa verdade, acho que não deveria haver amor como o último que vivemos. Porque é sempre desse que temos que nos curar. Não é do primeiro. O primeiro já lá vai, longe, distante, tantas vezes já lembrado e esquecido. Mas, quando o primeiro amor não resulta, as pessoas descobrem uma outra coisa, por vezes tão intensa e trágica: o primeiro desgosto de amor. E, por mais amores que voltem a ter, não mais voltarão a ter outro primeiro desgosto de amor, será, tão simplesmente, só mais um.
Então, se voltamos a amar alguém, que não se comparem amores, independente do lugar espaço-temporal que tenham ocorrido. Contudo, por mais amores que possamos viver, só por uma vez perdemos a ilusão que o primeiro amor seria para sempre. Daí que, se calhar, não se deveria dizer que não há amor como o primeiro, mas sim, que não há desgosto de amor como o primeiro.
Seja o primeiro, seja o último, um desgosto é um desgosto. Dói. Sempre.
ResponderEliminarTalvez a intensidade da dor seja equivalente ao amor que se sente por aquela pessoa...
Mas a dor pode ser tão excruciante que podemos não aguentar.
Há até quem morra de desgosto.
Eu acho que existem dores mais difíceis de suportar do que as físicas.
Concordo. Amor é amor; desgosto é desgosto. Dói sempre seja em que momento for, ainda que as pessoas ao longo do tempo possam começar a ganhar alguns anti-corpos.
EliminarE sem dúvida que também concordo que existem dores da alma bem mais difíceis de suportar que as dores físicas, e eu falo na própria pela, por experiência própria de ter vivenciado os dois tipos de dores bem forte.