Decididamente, Deus nunca foi à missa aos domingos. E os templos grandiosos ou humildes nunca foram casas de Deus, embora os chefes das instituições religiosas que os mandam construir e os mantêm abertos façam questão de assim os chamar. Mas Deus não está lá. Não mora lá. Pela simples razão de que Deus não gosta de templos, nem de sinagogas, nem de capelas, nem dos cultos, que habitualmente lá têm lugar.
Às casas de Deus, Ele chama, com todas as letras, desde o profeta Jeremias (7,11) covil de ladrões. E quando, cerca de sete séculos, depois, se faz Deus-entre-nós-e-connosco, em Jesus de Nazaré, o que morava geograficamente longe de Jerusalém, o mesmo é dizer, longe do sumo sacerdote e do templo onde este , regularmente, pontificava, dominava e enriquecia, à custa do santo nome de Deus.
Um dia, quando já homem feito, isto é, verdadeiramente autónomo, quer da família em que nascera e à qual tivera de ser, durante anos, submisso, quer da mentalidade e da ideologia dominantes no seu país, entrou num certo sábado na Sinagoga da terra onde morava. Deram-lhe, pela primeira vez, a palavra, e ele armou lá dentro o maior dos escândalos. (...)
Segundo ele, todos esses rituais sem vida e sem amor que regularmente se realizam nos templos, não passam de encenações com que uma certa elite de senhores que se têm na conta de profissionais ou funcionários de Deus, entretêm e enganam multidões de pessoas que, desde a infância, vivem dominadas pelo medo, até de Deus, e oprimidas por normas moralistas sem moral, e que quanto mais os frequentam, mais impedidas ficam de se libertarem e de crescerem em humanidade e em responsabilidade individual.
Disse também que Deus não gosta de sacrifícios de vítimas humanas ou animais, realizados em sua honra, nem de cultos religiosos de qualquer espécie, pois, para Ele fazer bem aos seres humanos e aos povos em geral, não está à espera que eles, primeiro, sejam boas pessoas, se portem bem, sejam santos, lhe façam chegar promessas e papagueiem orações, como quem vai mendigar favores diante dos tiranos e déspotas.
Deus Nunca foi à Missa aos Domingos / E Deus disse: Do que eu gosto é de política, Não de Religião / Padre Mário Oliveira (2002)
Sem comentários:
Enviar um comentário