terça-feira, 24 de março de 2015

Palavra d'Honra

"Mas dá-me a sua palavra"?

Há muito tempo que não ouço esta expressão "dar a palavra" "dar a palavra de honra". Antigamente vendiam-se casas e terrenos, e todo o tipo de outras coisas de valor, sem qualquer contrato ou documento assinado. Bastava dar-se a palavra, bastava dizer que o negócio estava feito, que quem comprava estava totalmente seguro.

Mas aos poucos, e não sei qual foi o fenómeno - que o expliquem os sociólogos - muita coisa mudou, e a palavra, seja das pessoas mais humildes, ou das pessoas com os mais altos cargos do país, vale tanto como o "chapéu d'um trolha". Hoje em dia, muitas vezes, até com documentos assinados, as pessoas tentam voltar com a assinatura atrás. 

Isto vem a propósito de ontem, um artista, num desses sites de vendas da treta (OLX) fazer negócio comigo de um artigo por 80€, e à noite já me vir dizer que fica sem efeito pois vendeu a outra pessoa por 90€!
A palavra deste sujeito vale 10€. Por dez euros, borrou-se. E é isto o chico-espertismo nacional. Este sujeito pode até ter uma brilhante carreira na política por exemplo. Tudo o que ele diz e afirma é irrevogavelmente falso.

É nestas pequenas coisas que vemos o estado do país. Temos políticos corruptos, mentirosos, aldrabões, mas mais grave que isso, é termos um povo que é feito dessa mesma matéria, e é por isso que isto não tem volta. As pessoas votam nos mentirosos e nos corruptos, porque no fundo gostavam era de estar no lugar deles, gostavam de ser uns VIP que "nem sabem que têm de pagar impostos".

No fundo um povo corrupto nunca que tolerará um político honesto. 

sexta-feira, 20 de março de 2015

Cúmulos do capitalismo - Pagar para comprar

Estava aqui a ver um evento na Exponor para este fim-de-semana, e surpresa: é preciso pagar para lá entrar. Serei só eu que acho um verdadeiro roubo este tipo de coisa? 



Ainda por estes dias me perguntavam "Então vais ao Salão Erótico"? 
Eu confesso que me sinto um pouco extra-terrestre, pois nunca me senti atraído por tal coisa, no fundo estou a negar uma ciência que desconheço, tal é a paranóia de tanta gente com a coisa, mas se eu não pago para entrar numa Loja de Sexo(1) então porque raio tenho de pagar para entrar num sítio que será uma espécie de centro comercial só de sexo?
Pagar para ver brinquedos sexuais? Qual é a lógica? "Ah mas tem sexo ao vivo"... e? 
Se nas Feiras do Livro não se paga entrada, por carga de água se pagará num evento de sexo? Por acaso a roubalheira da entrada dá direito a entrar numa orgia, ou a fazer alguma coisa com o mínimo de interesse? Não? Então se é só para ver, muito obrigado mas não contem comigo, até porque já existe uma coisa que se chama.... pornografia?

Se a moda de cobrar para aceder à possibilidade de comprar pega, então um dia destes quero ir a um centro comercial e também tenho de pagar. Ou para entrar num hipermercado, ou para entrar em feira como a Vandoma, Custóias, Ladra, ou os milhares de feiras que se fazem todas as semanas pelo país. 

Ou então um dia destes alguém se vai lembrar de cobrar entrada num centro comercial, ou num hipermercado. É que parece-me que a coisa já esteve bem mais longe de acontecer. 

Pagar para entrar e poder comprar? Mas está tudo louco?
E se for ao contrário? Paguem-me para eu entrar na vossa feira? Que tal vos parece? A mim parece-me bem melhor. 

(1) São todos contra o acordo ortográfico, mas depois diz-se "sex shop" como se no português não existisse a palavra loja e a palavra sexo. Defender o português é ser contra o acordo, mas usar os anglicismos.