"Mas aquele casal é um bocado estranho, já namoram há sete anos, nunca tiveram sexo nem são de muitos afetos e acham que assim é que estão bem". Disse-me isto uma amiga, quando ontem lhe perguntei sobre uma outra amiga dela e seu namorado, casal que conheci há uns quantos anos.
E de imediato concordei com ela, achando também um pouco estranho, que quando duas pessoas gostam uma da outra, não queiram andar de mão dada, dar uns miminhos, trocar saliva e que na intimidade, pelo menos nos primeiros tempos, não passem o tempo a fazer a rodagem ao novo parceiro!
Vistas bem as coisas, no fundo, é o sexo que distingue a relação de duas pessoas jovens e saudáveis que são namorados/casados/juntos, de outras duas pessoas que são "só" amigos e que até podem também partilhar casa. Mas apesar da estranheza, o que eu também disse à minha amiga, é que, se ambas as pessoas estão bem assim, ótimo, quem somos nós para estranhar ou até fazer julgamentos? Algo só é um problema quando as pessoas se sentem incomodadas com isso, quando estão (supostamente) felizes ótimo para elas.
Mas nem de propósito, o jornal Público de hoje (edição 16/7), trás uma reportagem (que li no site) sobre os "assexuados", gente que não tem tesão nenhum, mas que curiosamente, segundo os especialistas não têm qualquer doença ou problema. Na reportagem falam que a coisa ainda foi muito pouco estudada e alguns especialistas apontam para "orientação sexual", o que não é de todo consensual e eu entendo perfeitamente.O que me parece, pelo que percebo, é que uns (como eu) orientam-se para as gaijas, outros para os gaijos, outros ainda para ambos, e este pessoal sem tesão parece-me é que não se orienta de todo!
Na reportagem do Público, falaram com uma jovem de dezoito anos, que teve uma relação recente com outra mulher. Diz que não funcionou porque ,como não tem desejo, retribuir sexualmente é como se fosse uma obrigação, e acrescenta que depois surgiram os "problemas". E aí é que está a minha dúvida sobre dizerem que não é uma doença, pois eu entendo que uma doença é tudo aquilo que não está bem connosco, tudo aquilo que "incomoda", e é lógico que para quem nunca teve qualquer relacionamento isso não é um problema, não têm desejo não se masturbam nem têm sexo, mas a partir do momento que se enfiam numa relação, isso pode ser um grave problema para a outra pessoa, porque quando um quer sexo e o outro não quer e ainda por cima se sente obrigado, chega-se a um ponto de rotura.
Já há algum tempo, vi também num documentário, uma reportagem sobre os "herbívoros" japoneses, malta nova, assexuada, que não gosta de mulheres, nem querem ter uma namorada porque isso implica contacto físico! Nem quero imaginar o horror que deve ser para eles ter de dar um beijo numa mulher, ter de lhe apalpar as mamas, quanto mais ter de lhe lamber o grelo ou enfiar o dito cujo! E não estamos a falar de casos pontuais, não, estamos a falar de grande maioria dos jovens japoneses. Gostam é de estar enfiados em casa, a jogar nas suas bugigangas eletrónicas, e caso se lhes arrebite alguma vontade, então recorrem a jogos virtuais, e em último recurso preferem usar a Tenga a uma qualquer cona verdadeira!
O que me parece é que o mundo está a mudar e muito rapidamente. Os putos passam a vida enfiados dentro de casa a jogar, socializam mas é com o telemóvel nas redes sociais durante a noite toda, estão todos ligados e são todos amigos mas é à distância, depois, como é que vão ter vontade de pinar? No fundo esta malta nova é alérgica ás pessoas e ao contacto físico, tal como muitos outros são alérgicos aos pólens. Não faltará muito para que um dia destes, dar umas trancadas seja olhado como uma coisa medieval e nojenta, e os órgãos sexuais serão meros apêndices, vestígios de um passado longínquo em que o ser humano para se reproduzir tinha obrigatoriamente de ter contacto físico.
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