quinta-feira, 29 de maio de 2014

Se eu nunca te conhecer...

"Se eu nunca te conhecer nunca terei de te perder." 

É esta a frase que me fica do último episódio da quinta série de Lost (Perdidos). O casal em causa é composto por Juliet, a loira de olhos azuis escuros, a ex-Outros (the Others) que fala a linguagem dos iluminados (latim), de perfil intrigante, ora é médica da fertilidade, serena, preocupada com os outros e de sorriso fácil, ora é capaz também de olhares intimidantes, de pegar na arma e matar qualquer um a sangue frio, ou de aplicar uns golpes karatecas vindos assim do nada e sem ninguém saber onde raio os aprendeu. E o outro elemento do casal é Sawyer, o trapaceiro de corpo escultural, que gosta de sair do mar sem roupa, e só pensa nele e de como se pode aproveitar dos outros em proveito próprio. Mas não é um bronco qualquer, Sawyer é a personagem que mais lê na série, tem sempre uma nova alcunha para qualquer pessoa, e nos últimos três anos, depois de ambos terem parado de saltar no tempo, trinta anos atrás do tempo presente, e de terem ido brincar às casinhas com o pessoal do Dharma Iniciative, Sawyer amadureceu.



Aparentemente este poderia ser um casal improvável. A mulher culta e bonita mas inteligente e sensível com o bonitão trapaceiro, mas além de Sawyer amadurecer, também restam unicamente o físico "louco", o coreano de poucas palavras, e o chinês que fala com os mortos, e claro, a malta da Dharma Iniciative, que ambos sabem que acabarão todos mortos. Sawyer e Juliet têm-se um ao outro, protegem-se um ao outro e a coisa acontece naturalmente.







E tudo corria bem, até que todos os que tinham saído da ilha, resolvem voltar para ajudar os que tinham lá ficado. E depois de toda uma série de desenvolvimentos extremamente complexos com explicações de física quântica - bem mais complexos que no filme "Regresso ao futuro", em que se as personagens alterassem o passado poderiam desaparecer no futuro - surge a possibilidade de, ou deixar tudo como está, e ficarem a viver no passado, trinta anos atrás, ou então acreditar que fazendo algo, irão regressar ao presente, e impedir o avião em que seguiam de ter o acidente que teve. 

Só que isso tem grandes implicações, se o avião nunca se despenhar, todas aquelas pessoas que entraram no avião e que não se conheciam antes, e fizeram grandes amizades, e algumas apaixonaram-se mesmo na ilha, com essa decisão, no presente o avião irá aterrar em segurança e nunca se conhecerão.


Neste episódio chega-se a um grande conflito de interesses. Jack, o médico, o líder natural dos sobreviventes, que no entanto nunca quis liderar ninguém, o obsessivo, o senhor "se-não-vivermos-juntos-vamos-morrer-sozinhos", personagem com quem me identifico em certos aspetos, está decidido a fazê-los voltar ao presente. Mas será que isso tem alguma coisa a ver com Kate? Sawyer diz-lhe que se fizer o que pretende, nunca conhecerá Kate, mas Jack afirma que "o que tem de ser tem muita força". 

"Eu tive-a" disse-lhe. "Eu tive-e e perdi-a" repetiu. Sawyer não concorda nada com Jack, pois Sawyer está bem com Juliet, só que algo acontece e ela muda radicalmente de opinião. Se inicialmente Juliet, sua companheira, estava com ele na ideia de travar Jack, de repente ela intervém e diz a Sawyer que não e acha que Jack tem razão. Mas Sawyer quer saber, afinal o que mudou na cabeça da Juliet?


Ela é Kate, com quem Sawyer andou enrolado na ilha, antes dela ter saído da ilha com Jack e mais alguns sobreviventes, e já fora da ilha acaba finalmente por viver com Jack. Sawyer diz-lhe que não interessa para quem olhou, que está com ela, e Juliet responde-lhe, que sabe disso e que ele ficaria com ela para todo o sempre se ela o permitisse, e que é por isso que sempre o amou. E que só porque se amaram durante um tempo, não quer dizer que fiquem juntos, e que talvez não tivesse de ser assim. Talvez não fosse sequer suposto ficarem juntos. 

Mas Sawyer pergunta de novo: - porque estás a fazer isto Juliet?


E chegamos à frase: "Se eu nunca te conhecer nunca terei de te perder". Juliet prefre apoiar Jack na sua decisão, e assim nunca ter a oportunidade de conhecer Sawyer, e de um dia não ter de o perder. No fundo ela sabe que ele ficaria para sempre com ela, mas ela não o quer com ela, ainda pensando na "sardenta" Kate. 

Acho que sempre que vemos um filme, uma série, lemos um livro, ouvimos uma letra de uma canção, ou simplesmente observamos uma qualquer situação, há sempre algo com que nos podemos identificar. E quem diria que um dia estaria eu na pele do Sawyer, e encontrar alguém que simplesmente não me quis conhecer porque.... acho que não cheguei a saber bem porquê, ou talvez tenha percebido demasiado bem, ou então provavelmente já estou estou a confundir realidade com ficção, e já são episódios a mais de Perdidos. Mas agora também já só falta a última temporada! 

6 comentários:

  1. Andas a ver muitos filmes ...lol...tou a brincar!!!
    Adoro ir ao cinema ou ver filmes em casa...e a mim por vezes acontece ficar "amarrada" a um e este já vai a meio...
    Eu só vejo filmes que valem a pena!!! :)

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    1. Isto não é um filme! É só a melhor série de sempre! (que eu tenha visto claro!)
      Sobre os filmes, tu também só sabes se valem a pena depois de os veres! Aliás, há até quem defenda que deveríamos ver um filme sem saber nada dele, aí sim poderíamos ser surpreendidos, porque quando as pessoas vão ver algo que já sabem a história nunca se podem surpreender, do género Titanic, quer dizer já toda a gente sabia que o barco foi afundo! AHAHAH!!
      (Por acaso acho que sou o único português que não viu o Titanic!)

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  2. A sério?! Eu vi o Titanic... :)
    Eu vou pelo título e pelo género.
    Séries na tv não me lembro de ver...ou melhor...se calhar já vi mas não acompanhei...
    Há filmes que no fim ainda me deixam a refletir por um tempo...principalmente aqueles que deixam uma mensagem indireta.

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    1. Sim, eu também há géneros que dispenso. Aquele tipo de filme de ação, em que dão um tiro num carro e ele explode, cada vez mais dispenso! Aliás, a maior parte dos últimos filmes que fui ver ao cinema eram portugueses. Mas o cinema deixou de me cativar, então quando penso no preço dos bilhetes perco logo a vontade!

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    2. Eu gosto de comédia e romance, ação só alguns e + ou - verídicos...
      Não gosto de fimes com efeitos nem 3D...
      Mas olha que de vez em quando ir ao cinema é outra coisa...então c/ boa companhia nem se fala. :)

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    3. Nisso da companhia concordo contigo, acho que ainda é das poucas coisas que nunca fui sozinho.

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