domingo, 22 de setembro de 2024

Os Motivos para Alarme e Os Governos Aparentes

 


"Em abril de 2022, fui convidado para um evento sobre a guerra na Ucrânia num liceu. Disse que todos os partidos, incluindo Meloni, que na altura estava na oposição, apoiavam a NATO, e falei sobre o Batalhão Azov, com os seus símbolos nazis. E disse que a Giorgia Meloni, sendo neonazi na alma, gostava dos nazis ucranianos. Passaram cinco minutos e a polémica já estava nas redes sociais. Fiquei atónito, porque "neonazi" é uma categoria política, como "neostalinista" ou "neoliberal". Há quem se sinta orgulhoso de ser chamado assim e outros não. Mas não é um insulto, é uma avaliação (...)

No que diz respeito à liberdade de ação de um governante europeu, os limites são de 10%. Os restantes 90% são decididos pela NATO em termos de política externa e militar, e pela UE em termos de política económica. Se retirarmos isso, o único campo de manobra que resta é descarregar sobre os imigrantes.

Citava Tocqueville, que ao falar dos autores clássicos dizia: "Têm qualidades especiais que podem servir para contrabalançar os nossos defeitos".

Tenho refletido sobre estas palavras. Ele dizia que esses textos não tinham originalidade de conteúdo, mas uma grande perfeição formal. E como a democracia, segundo Tocqueville, é a igualdade para baixo, algo negativo, os clássicos, que são refinados na forma, são um antídoto contra a banalidade inerente à democracia. Depois acrescenta que os clássicos podem impulsionar um espírito revolucionário subversivo. Por isso, melhor poucas escolas clássicas e muitas técnicas. A parte mais bonita é quando ele diz que, na verdade, a Atenas clássica não era uma democracia, era uma aristocracia um pouco mais ampla.

Os autores clássicos ainda são uma boa vacina para defender a democracia?

Sem dúvida, basta lê-los.

Qual recomenda a um jovem?

Uma educação política absolutamente indispensável é a obra de Tucídides. E de Rerum Natura, o poema de Lucrécio sobre a natureza das coisas. Magnífico, Einstein também gostava. Pelo esforço de traduzir a teoria atomista da realidade em versos compreensíveis e por dizer que a morte não existe, porque quando há morte nós não estamos, que os deuses não estão, e se estão, não se interessam por nós. São livros de grande importância. A ciência moderna nasceu ali. São textos incendiários, que mudam a vida de um jovem...

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