quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O Dia-a-Dia em Portugal na Idade Média

"A vida dos portugueses na Idade Média talvez não seja tão diferente da vida da atualidade.
Eu não sei se nesse tempo havia tempo para tristezas e melancolia. É claro que havia as festas e divertimentos da nobreza, e as festas e divertimentos do povo, mas de uma maneira geral tudo dava lugar a uma festa.

Não podemos ver o passado à luz dos nossos olhos atuais.

A terra era a principal fonte de riqueza. A quem é que pertenciam as terras? As terras pertenciam ao rei, à nobreza e ao clero. É claro que depois o povo onde é que para no meio disso tudo? O povo vai arrendar terras a esses senhores. Arrenda uma parcela de terreno e esse arrendamento é pago em géneros, é pago em dias de trabalho nas terras que pertencem ao senhor,e mais tarde, uma percentagem paga em dinheiro. Impostos. Muitos impostos. E o dízimo de tudo pago à Igreja. E o senhorio poderia cobrar os impostos que quisesse.

As mulheres trabalhavam? 
As mulheres do povo trabalhavam. Esse é outro dos mitos. A mulher na Idade Média trabalhava lado a lado com o homem. Trabalhava na agricultura, trabalhava no comércio, e se fossem solteiras poderiam ter as suas lojas.

Nessa altura já havia contracetivos. Sempre à volta das mezinhas. E já havia forma de abortar. É claro que o aborto não era bem visto, mas o próprio livro do Pedro Hispano tem lá várias receitas

Era prática da época dar uma criança em amamentação a uma ama. Porquê? Porque teoricamente uma mulher em amamentação não engravida, e era normal amamentar uma criança durante três ou quatro anos. Ora, teoricamente, se uma mulher estivesse três ou quatro anos a amamentar o seu filho, eram três ou quatro anos de gravidezes perdidas.

Casamentos negociados a nível da Nobreza e da realeza. A nível do povo não. Nao eram negociados? Casava-se por amor? A nível do povo tudo era mais liberto, tudo era mais simples. É claro que o casamento válido, seria o casamento pela Igreja, mas de qualquer das formas podia-se casar dizendo só mais ou menos estas palavras:
"Queres casar comigo? Quero. Queres casar comigo? Também quero. E estamos casados". Sem testemunhas? Sim. Isso é melhor do que hoje!

Claro que era por amor. E repare que o casamento entre o nosso D. Fernando com a Dona Leonor Teles, começa por ser um casamento às escondidas. É um casamento a furto, porque a população não gostava da Dona Leonor Teles....


Ana Rodrigues Oliveira, autora do livro "O dia-a-dia em Portugal na Idade Média" no Programa Quinta Essência / Antena 2

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