terça-feira, 21 de novembro de 2017

Poeira das Estrelas

Há umas semanas cruzei-me de novo no espaço onde nos conhecemos. Tinha combinado com uns colegas que escolheram especificamente aquele sítio. E como sabes, eu tenho o péssimo hábito - para bom português bem entendido! - de ser muito pontual. Claro que fui o primeiro a chegar, e ainda esperei uma meia hora até que chegasse mais alguém. Pude então perder-me nos meus pensamentos, e foi-me impossível que, naquele espaço físico, por onde deambulamos uma quantas vezes, não me transportasse de imediato no tempo. Para o tempo em que segurar na tua mão e olhar nos teus olhos, era o suficiente para me fazer feliz. Era impossível que a nostalgia não me deixasse com o coração apertado. Cruzar aqueles espaços era como se eu estivesse ali, a assistir a uma peça de teatro, de um determinado período da minha vida, em que nós os dois éramos os protagonistas. 

Durante todo aquele tempo que por ali estive à espera, fiz-me várias perguntas. A mais importante acho que foi perguntar-me no porquê de não teres querido seguir viagem comigo. E eu sei que tu quiseste, no tempo devido, que eu te fizesse todas as perguntas que quisesse fazer, pois querias esclarecer todas as minhas duvidas. E eu acho que consegui perceber, pelo menos em parte mas...

A minha pergunta ia no sentido de eu me questionar se fiz algo de errado. Enquanto por ali estive, questionei-me se, desde o dia que nos encontramos, naquele mesmo local, se eu pudesse, agora, como que por magia, fazer voltar o filme atrás, se eu poderia corrigir alguma coisa. E tu sabes que isto é um exercício meramente académico. Mas sabes o que eu respondi a mim mesmo? Eu respondi aquilo que tu mesma me responderias: "Tu não fizeste nada de errado"!

Mas algo não resultou para que tivesses decidido que cada um de nós seguiria em viagens separadas ou em vidas paralelas. Daí que, se puxássemos o filme atrás, e eu agisse da mesma forma, "não fazendo nada de errado", claro que tudo se repetiria de novo! Alguma coisa eu teria de ter feito diferente. Mas e se eu tivesse mudado algumas cenas ao nosso argumento? Será que teria havido alguma forma de termos seguido viagem juntos?



E queres saber a que conclusão eu cheguei, enquanto estava ali, sentado numa mesa, com vista para um dos quaisquer cantinhos que escolheste para nos sentarmos? A triste conclusão a que cheguei, é que o resultado seria sempre o mesmo. Verdade. E isto não tem nada a ver com eu acreditar que o destino já estava traçado. Não, isto tem só a ver com o teu livre arbítrio, com a decisão que tu achaste por bem tomar. E eu estou em crer que, mesmo que eu até fosse moreno, de cabelo preto e de olhos escuros, tal como tu gostas, sei lá, mesmo que até tivesse feito tudo de maneira diferente para melhor, eu acho que o resultado seria o mesmo. Porquê? Porque seria sempre Eu que estive contigo. 

E eu acho que é em mim que eu devo procurar resposta. Não que ache que tenha de mudar, até porque com esta idade já acho que isso seria muito difícil! E na verdade eu até gosto de ser como sou. É verdade! Claro, apesar dos defeitos, mas também era o que faltava se não tivesse! Mas eu sou como sou. E claro que ambos sabemos que o problema não foi a cor dos meus cabelos nem dos meus olhos. E às vezes quase me conseguias convencer, quando me olhavas com ternura e me dizias que eu era um homem muito bonito. E, sabendo eu, que não era nada o estereótipo de beleza que te atraía, tinha a sua graça. Acho que gostava mais de acreditar sobre o que dizias da minha Luz... Gostava mesmo...

E por falar em Luz, diz-se que todos nós somos feitos de poeira das estrelas. Olha, se calhar, pensei nisso enquanto esperava pelos meus colegas, talvez tu fosses estrela demais para a minha poeira! Sei lá! Na volta, talvez todas as estrelas de quem a luz me fez aproximar tenham luz demais para mim. Ou então eu carregue o karma de ser uma poeira estrelar que tenha de andar por aí sempre à deriva...

1 comentário:

  1. E eu já acho que você tem luz própria. Não deveria deixar que ninguém ouse apagar o seu brilho.

    Beijos, Konigvs!
    Blog: *** Caos ***

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