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segunda-feira, 13 de julho de 2020

A Rua Esburacada Que Deixou de o Ser

Há anos que tenho vergonha do estado em que se encontra a minha rua. E revolta-me que outras sejam feitas de novo, sejam esburacadas duas ou três vezes e de novo ajeitadas ao passo que a minha vai ficando cada vez pior. Eu não consigo perceber, como é que as câmaras municipais gastam por vezes rios e rios de dinheiro, que é de todos os munícipes, em festas e merdas que não lembra o Diabo e depois naquelas coisas básicas de primeira necessidade como uma estrada, fecham os olhos e fazem de conta que não é nada com eles. 

Quando eu ia para a escola a minha rua era em terra batida e foi-lhe colocada brita com algum, pouco, alcatrão por volta de 1990. Lembro-me que em cima do alcatrão foi colocada uma enorme camada de areia, que depois aos poucos os moradores foram varrendo e aproveitando.  Se andássemos de bicicleta o passeio não era sereno mas sim com alguma trepidação fruto da irregularidade da brita asfaltada. 


Apesar da estrada ter pouco movimento, a verdade é que, com o tempo foi ficando em muito mau estado, e piorou muito quando a rasgaram toda para meter os tubos para o saneamento. Até que, recentemente foi construída uma oficina abaixo da minha casa (que era a última da rua) e de cinco em cinco minutos passava um camião cheio de terra. Ora se estava mal muito pior ficou. 

Já há coisa de dez anos fez-se um abaixo-assinado por sugestão dum antigo presidente da junta que se prontificou a entregar na câmara municipal mas que, por certo, devem ter deitado ao lixo visto que nada se fez.

Dois presidentes da junta passaram. O atual estava ao corrente, e ao que parece chegou a dizer (desculpa esfarrapada) que quando fosse para fazer fazia-se bem de vez. Pois é, isso é muito bonito, só que, entretanto as pessoas têm verdadeiras crateras em frente de casa, mesmo à feição de furarem um pneu para saírem ou entrarem em casa. E será que os em frente das casas dos presidentes de junta e da câmara também se espera que se façam as estradas de novo? Suspeito que não.

Farto desta situação comecei a pensar em formas de chamar a atenção e de envergonhar os autarcas. Comecei pela mais simples, antes de optar por métodos criativos e radicais. E foi então que, sem dizer nada a ninguém, decidi escrever para o jornal da cidade. Tirei uma fotografia bastante explícita e expus a situação. Posteriormente, a minha mãe disse que eu poderia lá ter metido as tartarugas no charco!

Mas a verdade é que a minha denúncia foi publicada e, não é que, duas semanas depois (eu ainda nem tinha a edição do jornal) já tinham começado a ajeitar a rua? Anos e anos em que ninguém fez nada e uma notíciazinha no jornal e mexem-se logo? Terá sido coincidência ou quando envergonhados os autarcas mexem-se logo? Ficarei sem saber, mas o que interessa é que fiquei com o problema resolvido, ainda que, como o meu nome veio no jornal, talvez tenha ganho algumas inimizades. Azar.