domingo, 9 de outubro de 2022

As Preocupações Ridículas da A.S.A.E.


 

A A.S.A.E. é a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica. Como este nome existe desde 2005 e é uma espécie de polícia que deveria verificar o que se produz e vende, nomeadamente no que se refere à higiene dos alimentos e regular as atividades económicas. 

A face visível da A.S.A.E. foi ter encerrado centenas de restaurantes pelo país todo. E, se uns acredito que terá sido por falta de higiene ou por falta de cumprimento de determinadas normas, muito restaurantes foram encerrados simplesmente, e isto foi dito pelo seu presidente da altura, porque "havia restaurantes a mais no país"!

Mas quem é a A.S.A.E. para decidir que há cafés e restaurantes a mais no país? A A.S.A.E. só tem que garantir que os estabelecimentos cumprem as normas de higiene e de licenciamento, não tem que ter opinião sobre se há a mais ou a menos. Isto é uma completa arbitrariedade. Se houvesse restaurantes a mais estariam fechados porque não tinham clientes. Se estão abertos é porque as pessoas os frequentam! 

A outra face visível da A.S.A.E. ficou também conhecida por entrar feitas adentro, munidos de metralhadoras e apreender filmes e CD piratas bem como roupa contrafeita. Tudo coisas menores, tudo em perseguição do pequeno delito porque ao grande fecha-se os olhos, pois como sempre, a justiça é forte com os fracos e fraca com os fortes.

Bom, por esta altura talvez seja já bom fazer já uma declaração de intensões não vá algum leitor fantasma ter segundas interpretações a meu respeito. Eu nunca vendi nem comprei bilhetes de espetáculos, entendido? Então prossigamos. 

Com o streaming hoje em dia já ninguém compra filmes nem CD piratas, até porque se calhar nem tinha onde os enfiar. E agora também existe a Primark, que vende roupa mais barata que na feira mas em centros comerciais finos, porque ir à feira é coisa de pobre e nos centros comerciais não há pobres. Vai daí isto complicou a vida à A.S.A.E. Não tendo que ir às feiras aprender filmes piratas ou roupa martelada para onde é que se viraram? Para os bilhetes dos espetáculos!

Aqui há umas semanas ficou-se a saber que Coldplay é a banda preferida dos portugueses. Bichas que nunca mais acabavam, milhares de pessoas sem bilhetes, para logo se seguida serem anunciadas mais não sei quantas datas. Uns conseguiram bilhetes, outros não

E rapidamente os bilhetes começaram a ser vendidos na internet e o pessoal da A.S.A.E. pensou: "bem, vamos lá mostrar quem é que manda!"




O argumento da A.S.A.E. é o valor facial e argumenta com a especulação. O preço está lá marcado no bilhete, então, não se pode vender a um preço superior. 

Tudo isto é muito interessante, mas então porque atividades como a filatelia ou a numismática não encerram portas? Os selos, as moedas e as notas têm lá marcado o seu valor. No entanto há moedas de 2€ a valerem muito dinheiro! Mas isso a A.S.A.E. já não considera especulação! Até os próprios livros antigos têm lá marcada o seu valor. Eu tenho livros que quando foram vendidos tem lá marcado o seu valor, alguns custaram uns 5 escudos!

Vivemos um sistema capitalista, uma economia de mercado, que visa o máximo lucro. Todas as grandes empresas especulam preços, muitas vezes juntando-se várias empresas fazendo cartelização, o que é ilegal. Muita gente ganha, legalmente, dinheiro de forma absurda. Mas para a A.S.A.E. o grave problema são os negócios privados, entre duas pessoas, em que uma sabe perfeitamente quanto custava o bilhete quando foi vendido mas aceita pagar muito mais porque, primero tem dinheiro e segundo porque quer muito ver esse espetáculo e considera aceitável pagar esse valor. 

E depois a questão hipócrita. O próprio presidente da altura da A.S.A.E. disse em entrevista que se coisa foi na esfera privada não tem qualquer mal. Mas aqui não são lojas que estão a vender os bilhetes, são pessoas, particulares que compraram esses mesmos bilhetes e estão a vendê-los, tentando obter lucro com algo que é seu.


Para mim nada disto faz sentido. Podemos falar em moral, se é moralmente aceitável cobrar 300€ por um bilhete que custou 85€, mas não é isto que os neoliberais e defensores do capitalismo selvagem defendem? Deixar o mercado a funcionar? 

Há uns vinte anos eu vendi um CD por 150€ que só me tinha custa três contos e quinhentos. Ainda bem que não existia A.S.A.E. na altura senão sei lá o que me poderia ter acontecido!

Nada disto faz sentido. É um daqueles absurdos sem lógica nenhuma. Trabalhem mas é, e façam aquilo que é suposto fazer senão vão parecer ridículos. 

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