sábado, 23 de novembro de 2013

Multi-resistente

Muita gente citando Nietzsche diz que "o que não nos mata torna-nos mais fortes", afirmação com a qual eu não concordo. 

Vamos imaginar que saímos de casa e somos atropelados. Não morremos mas ficamos paraplégicos agarrados a uma cadeira-de-rodas para o resto da vida. Será que a partir desse momento ficamos mais fortes? Mas nem é preciso ir tão longe, vamos imaginar que a coisa resultou unicamente numas fraturas, hematomas e escoriações e que em breve já andaríamos por aí alegres e contentes novamente - Será que depois desta experiências traumática sairíamos mais fortes? Não, quanto muito mais vigilantes, até porque "depois da casa arrombada trancas à porta" e passaríamos a olhar vinte vezes para a estrada antes de atravessar.



Mas vamos a outro exemplo. Vamos supor que alguém que tem uma relação de exclusividade, dessas que são sempre fieis até que se descubra prova em contrário. O gaijo chega a casa e surpreende a mulher na cama a fornicar com dois pretos - será que a partir desse momento essa pessoa vai fortalecer a sua crença no amor eterno até que a morte os separe? Cheira-me que não.

O que nos faz mal, nos agride e deixa fragilizados,  não nos torna mais fortes, deixa-nos sim mais preparados e resistentes a futuras investidas. E quando ao longo da vida resistimos e sobrevivemos a uma série de batalhas difíceis, torná-mo-nos numa espécie de super-bactéria-multi-resistente que nenhum antibiótico conseguirá aniquilar.

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