Antigamente, já há muitos anos, as coisas, fosse o que fosse, eram feitas para durar. Comprávamos algo e era resistente e durável, mesmo os eletrodomésticos ou automóveis, que têm mecânica ou eletricidade duravam uma vida. De há umas décadas para cá, cada vez mais, as empresas apostam nas vendas, o que interessa é vender, e o artigo que dure só até acabar a garantia, porque assim, quanto mais depressa avariar, mais depressa o cliente vai comprar um novo artigo. É esta a lógica do tão falado crescimento económico!
Há várias formas de levar o consumidor a comprar mais, mesmo que este não precise, como são as épocas de saldos, em que levado para ideia de estar a fazer uma compra inteligente, a maioria das pessoas acaba por trazer para casa uma rima de coisas que provavelmente nem sequer vai usar, mas como estava mais barato a pessoa fica de consciência estupidamente tranquila! Outra forma é fazer constantemente novos modelos, seja do que for, como com os telemóveis, ou então como acontece por exemplo com os automóveis. Se antigamente o mesmo modelo de automóvel poderia ficar na linha de produção durante vinte anos, agora é muito provável que o mesmo modelo mude no espaço de um ano, levando assim quem tem o modelo anterior, a pensar que está a ficar para atrás, principalmente quando vê o vizinho com o modelo acabado de sair. O que é perfeitamente estúpido, visto que um automóvel é simplesmente uma maquineta inventada pelo homem, para nos levar do ponto A ao ponto B (ou para dar umas trancadas lá dentro para quem não tem casa e tem boa flexibilidade!) e a não ser que saia um novo carro que levante voo, ou que conduza sozinho, são todos iguais, todos gastam combustíveis, e é preciso conduzi-los.
Mas a forma mais ardilosa de vender mais e mais, é fazer artigos de qualidade fraquinha, mesmo as marcas mais afamadas fazem artigos rapidamente deterioráveis e que tenham de ser constantemente substituídos, e muitas vezes, qual plano diabólico, os artigos estão mesmo programados para avariar depois de determinado uso. Ah pois é!
Mas esta introdução vem isto a propósito do meu descontentamento com o calçado. Eu sempre fui muito esquisito com o calçado, tanto a nível estético, e hoje em dia é quase impossível comprar umas sapatilhas que não tenham uns neons e luzinhas a piscar! Se uma pessoa quer algo tão fácil como preto ou castanho é quase impossível, pois agora lembraram-se que quanto mais berrante melhor! E sou esquisito com a estética mas também a nível de conforto, mas no entanto nunca entrei em grandes loucuras com o calçado. Mas há uns anos, decidi gastar uns 80€ numas sapatilhas (deixa-me ir buscar o cilício para me penitenciar dos meus pecados!) pois eu nunca tinha gasto semelhante quantia numas sapatilhas! Mas esteticamente eram apelativas e pareciam confortáveis, e pronto, também andava a trabalhar bastante e a fazer muitas horas-extra, e achei por bem mimar os meus pés e, supostamente, até estava a comprar um artigo de qualidade, pois na altura uma amiga até me disse que teve umas Merrel em miúda, e que aquilo durou que foi uma coisa maluca.
Comprei umas sapatilhas Merrel numa loja onde também tinha muito artigo da marca CAT mas lá não vendiam retro-escavadoras e máquinas de terraplanagem, era só mesmo sapatilhas! E qual não é o meu espanto, quando vou a ver, e a merda das saptilhas, que supostamente iam durar uma vida, estão com a sola toda esburacada! E não, o meu trabalho nunca foi andar a caminhar, era de estar sentadinho ao computador! E infelizmente nos últimos anos, elas têm estado encostadas, pois como estou desempregado, uso calçado velho para trabalhar em casa. Estão as sapatilhas ainda com bom aspeto exterior, e com a sola toda esventrada!
Que 80€ mais mal gastos, acho que vou chorar o dinheiro toda a vida, e se alguém me falar em Merrel, digo logo para fugir disso como o diabo da cruz!
Mas isto não é caso único! Em tempos comprei uns sapatos da marca Ecco e a primeira impressão, é que eram bastante confortáveis, o problema foi que passado uns meses rasgaram a sola! Logicamente fui à loja reclamar, que averiguassem, não me estava a fazer a uns novos, mas que, no mínimo os reparassem. Lá voltei à loja para saber o que tinham decidido e deram-me a boa nova: os sapatos não tinham reparação! Mas deram-me uma devolução no valor que paguei, para eu trocar por outros. E lá troquei, e lá voltei a ter uns sapatos que duraram pouquinho!
E o mesmo se passou com umas sapatilhas Nike que comprei em 2004/5 por aí. Lembro-me bem pois comprei-as dias antes de um convívio na empresa, em que fomos andar de kart e fazer paintball. Poucos anos duraram, com o mesmo problema: sola descolada.
Bom, eu poderia pensar que o defeito é meu! Na volta posso ter os pés descalibrados, mais ou menos como a direção dos automóveis, em que é preciso alinhá-la se não até pode desgastar os pneus mais de um lado que do outro! Mas não, em pequeno tive umas sapatilhas Adidas que duraram estupidamente. O couro acabou por rasgar e a sola parecia que não se tinha desgastado. E o mesmo se passou quando comecei a tirar a carta. Eu que na altura andava sempre de botas Dr. Martens, resolvi comprar umas sapatilhas leves e confortáveis, para sentir melhor os pedais, e acabei por comprar umas Airwalk pretas, bem bonitas e confortáveis. Mas mais importante que isso, é que elas ainda à pouco tempo andavam cá por casa, velhinhas, mas ainda serviam para andar a jardinar! Duraram que se fartaram! Agora não, parece que o calçado é feito de merda que desfaz-se num instante! E eu nem quero imaginar como será com as crianças, pois eu também me lembro quando era criança em andava sempre a jogar à bola, ou a chutar qualquer coisa.
Deixamos de ter material durável, para termos algo que se desgasta rapidamente, pois quanto mais rapidamente se desgastar, mais as pessoas terão de comprar calçado novo.
Concordo com tudo o que disses te e digo te mais eu toco na roupa mas não percebo nada de tecidos mas gostava...pois nunca sei se é tecido bom ou fraco...se colam ou não as etiquetas...
ResponderEliminarNos sapatos vejo se por dentro marca pele mas tem de estar escrito a tinta...