domingo, 16 de setembro de 2018

Separar-nos-emos para que o nosso Amor Sobreviva. Entendes?

"No amor verdadeiro, a comunhão dos corpos realiza-se como o coito das flores, como as bodas dos insetos. Os insetos, que sublimes mestres do amor! É muito mais interessante ver como amam os coleópteros do que as cortesãs, as atrizes, os poetas, os frades, os filósofos e os reis. 
- Sinto-me inteiramente tua! confessava Mélita ao amante. - A minha peregrinação pelo mundo talvez fosse apenas a procura de um homem que me completasse, a procura de ti. 
- Não buscavas a solidão? 
- Há uma coisa mais bela que a solidão: a solidão a dois. Existiam em mim grandes reservas de amor em estado latente; tu foste aquilo que os fotógrafos chamam o líquido revelador. Deixarás um grande traço na minha vida!
- Falas como se tivéssemos de nos separar amanhã.
Amanhã, não; mas breve. O nosso amor foi episódio tão espontâneo e imprevisto na minha vida que não deve alcançar o peso de um vínculo, nem marchar num hábito. 
Separar-nos-emos para que o nosso amor sobreviva. Entendes?

A Virgem de 18 Quilates - Pitigrilli (1924)






2 comentários:

  1. Que texto bonito. Não conhecia este autor, mas ler este pequeno trecho, deixou-me com muita vontade de ler o livro todo. :)

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    1. Olá! Eu acabei o livro há um ou dois meses, foi o primeiro livro deste autor que li e gostei muito.
      Aconselho!

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