segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Oeiras: e os Burros Somos Nós?

Das eleições autárquicas de ontem só me interessava saber uma coisa: quem seria o próximo presidente da Câmara Municipal de Gondomar?

Ao longo dos últimos dias eu fui sempre comentando que não queria acreditar que o ladrão, que foi despedido do exército por roubar, e bem mais recentemente foi condenado a três anos de cadeia por corrupção, e que se voltou a candidatar à câmara municipal (com um Coração de Ouro!) pudesse, de novo, vencer as eleições, depois de ao longo de vinte anos ter enterrado a autarquia em dívidas e em conhecidos favorecimentos pessoais. Eu não queria acreditar que iria de ter levar com este sujeito por mais quatro anos, se ao menos não tivéssemos a sorte que morresse antes. 

Para mim qualquer candidato servia, desde que não fosse Valentim Loureiro. Qualquer um, todos menos ele. Sim, é verdade que Gondomar ficou no mapa, passou a ser uma terra conhecida, depois que o homem, que na altura era presidente do Boavista e presidente da Liga de clubes, para cá veio. Mas Gondomar não ficou conhecida pelos melhores motivos. Ficou conhecida por ter habitantes que se deixavam comprar com eletrodomésticos e com música foleira de cantores que plagiam outros cantores.


Nesta campanha o major apostou forte. Na internet ia sabendo que usava os mesmos métodos arcaicos que funcionam sempre bem em meios mais rurais, e em que as pessoas são mais ingénuas e fáceis de enganar ainda por cima por um rosto conhecido que aparecia constantemente na Televisão. E quem aparece na televisão é sempre gente importante, de nível, pensam os ingénuos! Métodos como pudemos ver na novela O Bem Amado, em que a personagem de Odorico encarnava o típico político corrupto. E parece que nada mudou desde então! Festa popular, com cantores e porco-no-espeto. Tudo de borla como convém! E mesmo aqui onde vivo, neste sítio recôndito e muito afastado do centro do concelho, ouvia-se todos os dias a musiquinha repetitiva com o supostos feitos de pôr quarenta mil gondomarenses a voar (entre outras coisas) e vi apoiantes seus na rua onde vivo, e depois ainda vi crianças com a T-shirt verde da sua campanha.

E o dia das eleições chegou. Quatro anos depois de ter saído da câmara pela lei de limitação de mandatos, era esperar para ver o que sucederia. A noite não começava da melhor maneira. Um dos antigos dinossauros e ex-presidiário ganhava a eleição em Oeiras. Mas sobre Gondomar, até à hora que fui dormir nem uma só palavra na rádio. E no sítio da internet das Autárquicas, o concelho ainda só tinha metade dos votos apurados. Mas de manhã, a primeira coisa que fiz quando acordei, foi verificar quem tinha ganho. O major nem aos 20% tinha chegado, teve menos de metade dos votos do candidato vencedor, e unicamente mais três mil votos que a CDU. Já poderia respirar de alívio!

Mas ainda assim reflitamos um pouco sobre Oeiras e Gondomar. 

Oeiras, é sabido, é o concelho que mais licenciados tem no país. Gondomar por seu lado, é um concelho mais rural, de muita gente pobre e iletrada. Ambos os concelhos, Gondomar e Oeiras, tiveram presidentes de câmara por vinte anos ou mais, que tiveram problemas com a justiça e foram condenados a penas de cadeia por comportamentos pouco recomendáveis para quem quer gerir dinheiros públicos. Os eleitores licenciados de Oeiras, estudados, doutores e engenheiros, votaram, legitimamente, no candidato ex-presidiário. Pelo contrário, em Gondomar, as gentes simples e os parolos preferiram varrer de uma vez por todas o homem-político-corrupto.

Mas então, pergunto eu: o que é que esta gente de Oeiras anda a aprender nas escolas e nas universidades? Vocês é que são ricos, burgueses, cultos, gentes de bem, com boas casas na capital e com muitos cursos superiores, mas então e nós? 

Será mesmo que os burros somos nós?

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