sábado, 7 de outubro de 2017

A Mirabolante História da Planta do Lidl

Entrei no Lidl, e logo à entrada botei o olho nalgumas plantas suculentas que lá estavam. Um vaso em particular chamou-me a atenção. Peguei nele, tentei ver se tinha alguma identificação da espécie (nunca tem não é?) e fiquei a admirá-lo, pois era uma espécie que não tinha. Sem me aperceber, um casal, a alguma distância, observava os meus movimentos. A amiga que estava comigo foi ao multibanco, e enquanto por ali fiquei, achei que, se calhar, o melhor seria, no fim de todas as compras passar então por ali, para colocar a planta por cima para não se danificar. E fui ter com a minha amiga. 

Quando volto, um minuto depois, já o casal, no meio de todas aquelas plantas, tinha pegado, precisamente, no vaso que eu queria levar. É preciso não ter sorte nenhuma pensei! Tinham precisamente pegado na única que eu queria levar! Bom, também não é caso para entrar em depressão, é só uma planta de quase dois euros, que provavelmente posso encontrar noutro sítio qualquer... ou não! E lá fomos fazer as compras. 

Até que, eis se não quando, junto à prateleira dos alhos, olho, e o que vejo? Precisamente o mesmo vaso, ali deixado por entre os restantes alimentos. Isto só podia ser um milagre! Alguém tinha ali deixado um vaso com a mesma planta que eu queria, ou, o mais provável, aquele casal que tinha pegado nela, desistiu da ideia de a levar, e deixou-a ali ficar. Para mim! Olha que sorte?! Deixei-a escapar, porque era a única e não a meti logo no carrinho, mas agora tinha a segunda oportunidade de ficar com ela. Lá peguei nela e coloquei-a num cantinho do carrinho por entre as outras compras. 

Ainda fomos ver mais qualquer coisa, até que, de repente, sou interpelado pelo senhor, o mesmo que tinha visto na entrada a admirar o mesmo vaso que eu tinha escolhido, e que me pergunta se fui eu que peguei no vaso que estava na prateleira, e enquanto isso, vê a planta no carrinho. Lá me explica que tinha sido a mulher, que a ali tinha pousado enquanto foram comprar outras coisas, que até me tinham visto, mas que não tinham visto eu a pegar na planta.

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Explicou-me que me tinham visto na entrada, a escolher especificamente aquela planta, mas como eu tinha desistido (não tinha não!) foram ver, e ele achou que eu tinha mesmo bom gosto: aquela era a planta mais bonita que ali estava! E então, lá me pediu desculpa, uma e outra vez, se podia levar a planta. E já que, ao que parece eu parecia perceber de plantas, perguntou-me se tinha de mudar de vaso. Pois claro que tem de mudar de vaso. E lá levou a planta com ele.
Mas que história mirabolante, comentei. "Mesmo", respondeu o senhor, que me ouviu apesar de já ir alguns metros mais à frente. 

O que retiramos daqui? Em primeiro lugar que, quando queremos realmente algo, ainda para mais raro ou único, como era o caso, e se chegamos primeiro ou se temos oportunidade de quisermos ficar com ela para nós, devemos, logo ali, exercer o nosso direito reivindicativo de tomarmos conta da ocorrência. Em alternativa, depois, podemos sempre dizer "já não tinha de ser". 

Em segundo lugar, como é interessante analisar que as pessoas adoram seguir os outros, seguir as escolhas dos outros. Se eu escolhi aquela planta, é porque ela deveria ser a melhor, a mais bonita. Na verdade eu nem achava que fosse a mais bonita, era tão somente uma espécie interessante, mas um cromo que não tinha na caderneta. Mas quando aquelas duas pessoas olharam para ela, e que já tinha sido namorada por mim, acharam logo que, para eu a querer, então é porque ela era mesmo bonita e especial. Muitas as vezes as pessoas nem sabem do que gostam e precisam sempre que lhes digam do que gostar. Lembram-se do filme "Runaway Bride"? A personagem de Júlia Roberts, que passava a vida a deixar os noivos no altar, no fim confessa, que nem sequer sabe como gostava dos ovos, gostava deles, simplesmente da mesma forma que o atual noivo gostasse. Ou quantas vezes vemos inúmeras pessoas interessadas nesta ou naquela pessoa, só porque anda meio mundo atrás dela? E se andam, é porque valerá a pena. Porque será que quando várias pessoas se junta na frente de uma tenda de vendas, logo muitas pessoas ali se vão juntar para ver o que se passa? 

Entretanto, vamos ver. Pode ser que aquela mesma planta me volte às mãos!

4 comentários:

  1. Por acaso era esta? "Peperomia ferreyrae"

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    1. Espera, também és médium e não me disseste?! Esta história está a ficar ainda mais misteriosa!
      Ah ah ah!! (gargalhada maléfica!)

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  2. Não me digas que era mesmo!!! looool
    Assim que tiver arranjo-te uma mudinha :D (Comprei há coisa de uma semana essa no Lidl e também era a última!)

    (E estou chateada, não estou a receber notificação de resposta.... )

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    1. Era essa mesma! Hoje passei por dois Lidl mas em nenhum dos dois encontrei. Talvez amanhã passe noutro!

      Em relação às notificações, colocaste o visto para receberes as notificações de resposta no e-mail? É que se esqueceres depois não recebes :)

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