terça-feira, 7 de março de 2017

Não há Famílias em K-PAX

Por diversos motivos, há já muitos anos que não vou acompanhando o que se vai passando no cinema, e certamente que há mais de vinte anos não acompanho os Óscares, pois cedo percebi que se trata, mais ou menos como o Euro Festival da Canção, de uma questão política e de interesses financeiros, bem mais que um justo prémio para os melhores da sétima arte. 

Eu nem sou grande entendido em cinema como por aqui já o devo ter referido por mais que uma vez. Eu nem conheço os artistas, os realizadores, os pintores das obras. Vejo os filmes mas na maioria dos casos nem retive quem foi o realizador. Muita gente mal começa a ver a forma como o filme está filmado ou editado já sabe quem filmou. Eu não. E claro que é bem mais fácil lembrar os atores. E um dos meus atores preferidos, creio que é mesmo o meu ator preferido, é o Kevin Spacey. E já cheguei a diversos filmes por causa dele. Até vi o "Super Homem Regressa" (não seria filme que me interessaria minimamente à partida) simplesmente porque ele participava, fazendo de Lex Luthor. E acho que isto é comum à maioria das pessoas. 


K-PAX é um filme de 2002. Depois de ter ido ao cinema ver, em dois anos seguidos, dois filmes dele, vi este filme já em DVD, porque K-PAX, se não estou em erro, quase nem entrou no circuito de cinema e foi quase de imediato para o mercado de aluguer/venda. 

O filme desenrola-se quase exclusivamente num hospital psiquiátrico. Um homem é apanhado pela polícia, sem documentos, dizendo que a luz deste planeta é demasiado brilhante para ele. Depois de algum tempo a ser tratado e a não se obter qualquer resposta, ele é entregue aos cuidados de Mark, um psiquiatra experiente (Jeff Bridges). Mas o problema é que Prot (Kevin Spacey) é muito convincente, e Mark começa a encarar este novo doente quase como um desafio pessoal, como se tivesse "escolhido este para salvar" como lhe dirá a sua mulher. 

O filme coloca muitas questões éticas ou filosóficas, muito pertinentes em que podemos refletir. Uma delas é sobre as famílias e sobre as relações que estabelecemos uns com os outros:


Mark: Bem, Prot, gostava que me contasse mais a sua terra...
Prot: O que é que quer saber?
Mark: Bem... tem família em K-PAX?
Prot: Em K-PAX não é como aqui. Não temos famílias como vocês as considerariam. Na verdade, a família seria um "nom sequitur" no nosso planeta. como em muitos outros. 
Mark: Por outras palavras...você...nunca conhecer os seus pais...
Prot: Em K-PAX as crianças não são criadas pelos pais biológicos. mas sim por todos. Circulam entre nós, aprendendo, com um e com outro. 
Mark: Tem um filho?
Prot: Não. 
Mark: Tem alguma esposa à sua espera? 
Prot: Mark, Mark, Mark... Você não está a prestar atenção ao que lhe estou a dizer pois não?
Não temos casamentos em K-Pax. Não há esposas nem maridos. Não há famílias. 
Mark: Estou a ver.. e a estrutura social... Governo?
Prot: Não precisamos.
Mark: Não há leis?
Prot: Nem leis, nem advogados. 
Mark: Como distinguem o bem do mal?
Prot: Todos os seres do Universo distinguem o bem do mal. 
Mark: Mas e se... alguém fizesse algo de errado? Cometer um homicídio. Ou uma violação. Como o puniriam? 
Prot: Deixe-me dizer-lhe uma coisa Mark. A maioria de vós, humanos, subscrevem esta política do "olho por olho, dente por dente"...que é conhecida em todo o Universo pela sua estupidez. Até o vosso Buda e o vosso Cristo o entendiam diferentemente. Mas estão-se todos nas tintas, até budistas e cristãos.Vós humanos...Às vezes é difícil entender como conseguiram chegar tão longe. 

Sem comentários:

Enviar um comentário