quinta-feira, 30 de março de 2017

Como Água para Chocolate

Tita, de joelhos, inclinada sobre o metate, movia-se rítma e cadencialmente enquanto moía as amêndoas e o gergelim.  
Sob a sua blusa os seus seios oscilavam livremente pois usa nunca usara qualquer soutien. Do seu pescoço escorriam gotas de suor que rolavam para baixo seguindo o sulco de pele entre os seus peitos redondos e duros. 
Pedro, não podendo resistir aos cheiros que emanavam da cozinha, dirigiu-se para ela, ficando petrificado na porta diante da postura sensual em que encontrou Tita.
Tira ergueu o olhar sem deixar de se mover e os seus olhos encontraram os de Pedro. Os seus olhares apaixonados fundiram-se imediatamente de tal maneira que quem os tivesse visto só teria notado um olhar, um único movimento rítmico e sensual, uma única respiração agitada e um mesmo desejo. 



Permaneceram em êxtase amoroso até que Pedro baixou a vista e a cravou nos seios de Tita. Esta deixou de moer, endireitou-se e orgulhosamente ergueu o peito, para que Pedro o observasse plenamente. O exame de que foi objeto mudou para sempre a relação entre eles. Depois desses pescrutrante olhar que penetrava a roupa já nada voltaria a ser igual. Tita soube na prórpia carne por que é que o contacto com o fogo altera os elementos, por que é que um bocado de massa se converte em pão, por que é que um peito sem ter passado pelo fogo do amor é um peito inerte, uma bola de de massa sem qualquer utilidade. Em apenas alguns instantes Pedro tinha transformado os seios de Tita de castos em voluptuosos, sem precisar de lhes tocar. 

Como água para chocolate / Laura Esquivel / 1989

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