sábado, 8 de outubro de 2016

Bai no Batalha

Há expressões que aparecem e depois desaparecem, talvez porque só façam sentido num determinado tempo e espaço. E há muito tempo que se deixou de ouvir, pelo menos há muito que eu não ouço a expressão portuense: "Bai no Batalha", dita com b claro.
E talvez a expressão tenha perdido todo o seu sentido porque em 2000 o cinema Batalha, uma das mais antigas salas de cinema da cidade, fechou portas, como também acabaram por fechar portas todas as outras salas de cinema do centro da cidade. E desde então que os filmes que as pessoas fazem - e é isso que "Bai no Batalha" quer dizer: aldrabice, não vai acontecer, grande tanga, mentira - que as mentiras que as pessoas dizem passaram a ser vistas no Arrábida de Gaia ou no Norteshopping de Matosinhos que tinham aberto poucos antes antes do Batalha fechar. 




E há muito que Bai no Batalha ter cinemas no centro da cidade do Porto, pois todos os cinemas acabaram por fechar portas. E é curioso que por estes dias, Marin Karmitz, o mais importante produtor, distribuidor e exibidor de cinema de autor em França, dava uma entrevista ao Público em que dizia que: "Tirar os cinemas dos centros das cidades foi uma forma de matar os dois", matar o cinema e desertificar as cidades. E logicamente que se as pessoas se deslocam para fora das cidades, enfiando e fechando-se dentro de grandes armazéns de lojas, aos poucos as cidades vão ficando desertas.





O edifício do antigo cinema Batalha foi classificado como monumento de utilidade pública em 2012, mas já depois de ali terem gasto uns milhões, a verdade é que quem passa, como eu lá passei esta semana, olha e, infelizmente, vê um edifício descuidado, abandonado, quase devoluto, mostrando que afinal, apesar da classificação, mais parece que o edifício não tem utilidade nenhuma para a cidade. 

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