sábado, 30 de abril de 2016

Quem precisa de taxistas?

Logo pela manhã, a caminho do trabalho, ouvia na rádio falar-se de uma manifestação de taxistas contra a nova empresa que se instalou (e que na verdade eu pouco sei) mas que lhes tem feito concorrência porque pratica preços mais baratos para o consumidor, sem que no entanto esteja submetida às mesma regras (impostos) de acesso ao negócio. 

Sobre este assunto, que como já deu para perceber não domino minimamente, devo no entanto dizer que sou bastante equidistante. Nem gosto particularmente de taxistas - conhecidos por não serem particularmente sérios (eu sei, não generalizemos) - nem por outro lado de empresas multinacionais como esta coisa sinistra da Goldman Sachs, que ao que se diz é quem manda no mundo, e que arranjam estratagemas para passar por cima de todos os outros, como se vivêssemos numa verdadeira selva capitalista.

Politicamente, o pessoal de esquerda acha que tudo precisa ser regulado, que o Estado precisa de fazer leis para impedir certos abusos, por exemplo os tais que aconteceram na banca, e que teve como consequência esta crise mundial de 2007 e onde viemos a depois a verificar que os bancos, um pouco por todo o mundo, andavam em roda livre, ocultando verdadeiros crimes económicos, desde o gigante mundial Lehman Brothers ou à sua dimensão os bancos portuguesinhos: BPN BPP e BANIF que os contribuintes tiveram de pagar apesar de serem empresas privadas. 
Depois o pessoal de direita acha que não, que o Estado não deve interferir nos negócios privados, e dizem que o mercado se auto-regula pela concorrência. 

Sobre este caso dos Taxis temos de concordar que, para o bem e para o mal, o mundo de hoje não é o mesmo de há cinquenta anos e as coisas hoje em dia mudam muito rapidamente e mudam contra tudo e contra todos. 

A internet apareceu e com ela as coisas nunca mais foram as mesmas. Foi talvez o aparecimento da Internet que revolucionou  toda a sociedade humana desde, sei lá - o aparecimento da roda? É que na verdade, tudo passou a ser diferente nas nossas vidas. Hoje faz-se as compras do supermercado pela net, vamos ao Banco pela net, as pessoas "socializam" pela net, fazem sexo virtual pela net, tudo acontece porque estamos todos ligados em rede. 


Imagem via Pinterest


Ninguém mais vende duzentos mil discos como os Silence 4 o fizeram em 98. Nunca mais! Porque simplesmente as pessoas não vão pagar 15€ por um disco, quando o pode adquirir de borla num site de partilha de ficheiros. Cada vez menos se compram jornais, porque hoje em dia temos as notícias de forma totalmente gratuita na net. Cada vez menos se vai às bibliotecas fazer uma pesquisa, porque basta clicar (ou googlar) para se saber quase tudo o que se quiser saber. Já não se enviam cartas (ou quase) porque existem e-mails, mensagens instantâneas, ou porque as pessoas podem falar por videoconferência na Internet em vez de se escrever.

Abriu-se uma Caixa de Pandora chamada Internet e agora não há para voltar atrás.
Os taxistas reclamam da aplicação da Uber. Mas por que é que as empresas de Taxi não inovaram primeiro, criando uma coisa semelhante a pensar no consumidor? Lá está, não o fizeram porque não tinham concorrência, e quando não se tem concorrência é muito fácil ser líder de mercado. 

Mas nem só a Internet mudou as coisas. Há inúmeras profissões que acabaram, fruto das mudanças na sociedade. Há não tantos anos assim, existiam por exemplo os alfaiates e as modistas, que faziam roupa por medida. Depois com a industrialização e as produções em série apareceram os Pronto-a-vestir e os alfaiates e as modistas ou se reconverteram ou mudaram de profissão.

E nós já não vivemos como há cinquenta anos atrás, que em Portugal quase ninguém tinha automóvel. Para o bem ou para o mal, qualquer pobre hoje tem o seu carro, aliás, a maior parte das famílias até tem mais do que um carro, o marido tem um e a mulher tem outro. Os meus vizinhos por exemplo têm quatro carros, o casal cada um tem um , e ambas as filhas também. 

No meio disto tudo o que eu acho é que a grande estupidez é andarmos todos com carros, em que a maioria até leva lugares para cinco pessoas, mas cada um só anda com consigo mesmo lá dentro. Porque eu acho que a Internet é boa ou má, dependendo do uso que dela fazemos. E o que eu ainda não consigo compreender é o porquê de andarmos a falar de taxistas, quando Estado, ou até as próprias empresas, deveriam promover formas de facilitar a vida das pessoas. Facilitar a vida das pessoas, não é, como em muitas cidades por esse mundo fora, proibir as matrículas com números par à segunda-feira, e as matrículas com números ímpar à terça-feira. Ou como se fez em Lisboa, que se proibiu a circulação de carros anterior ao ano 2000, que como é evidente vai penalizar quem tem carros mais antigos, porque simplesmente não tem dinheiro para comprar carros mais recentes. 

Facilitar a vida das pessoas é, por exemplo promover e incentivar a partilhar de carro. É verdade que já existem alguns sites de partilha de carro, mas o seu uso (como eu mesmo pude constatar) é ainda residual. 

- Quantos milhares de carros retiraríamos das estradas se partilhássemos os carros uns dos outros, pelo menos à semana, a caminho do trabalho?
- E quanto é que isso reduziria a nossa pegada ecológica no planeta? 
- Quão melhor seria a qualidade do ar nas grandes cidades?

Temos a Internet. Temos agora milhões de condutores e milhões de carros. Andam todos à pancada por causa dos taxis, mas aquilo que eu ainda não percebi é: Quem é que nos dias de hoje ainda precisa de taxistas? 

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