segunda-feira, 10 de março de 2014

Big Brother das faturas

Há umas semanas fui comprar um livro numa livraria da baixa do Porto. Entrei, e o espaço estava totalmente vazio. A senhora, dois anos mais velha que eu, mostrou-me os dois livros técnicos que pedi. Folheei-os procurando saber se iam de encontro ao que procurava, e depois acabamos por ficar um bom tempo numa conversa muito agradável. Retive uma informação que me deu: "Não queira saber, já se nota uma enorme diferença, com a maior parte das pessoas a querer colocar o contribuinte nas faturas."

Estamos a falar de uma livraria, um espaço de cultura por excelência, não estamos propriamente a falar do tasco da esquina. Supostamente quem lê, é mais esclarecido. Supostamente!
E eu refleti sobre isso, porque, muito mal estamos, se numa livraria, as pessoas são idiotas ao ponto de irem atrás do rebuçado envenenado que o governo fascista lhes promete dar. Que fará então nas pessoas ainda menos esclarecidas!

A desculpa esfarrapada que a canalha do governo dá, é que é para combater a economia paralela. Mas por acaso quem nunca passou fatura, vai passar a fazê-lo? As putas (e os gaijos que alugam o cu) por exemplo. Estou mesmo a imaginá-las, todas, a irem às finanças registarem-se como trabalhadoras independentes, e mal o cliente acaba de se vir, já estão a pedir: "contribuinte por favor"! Ou os padres, que ganham rios de dinheiro em missas, funerais, procissões, mais as esmolas e os dízimos. Já estou mesmo a imaginá-los, acompanhados pelos sacristãos, de registadora na mão, a faturar todos os atos que envolvem pagamentos ou doações! Pois eu creio mesmo, que Deus deve ser o tipo que mais foge ao fisco! Não fosse o Vaticano, o Estado mais rico do mundo! E nem precisa de poços de petróleo nem fábricas de armas para nada! 

A colocação do contribuinte nas faturas tem um único obejtivo: saber ainda mais da nossa vida. E ao dizer-se que se dá um rebuçado, a maioria dos contribuintes otários saliva como o cão do Pavlov! 

Com o contribuinte nas faturas, de imediato, a canalha que nos rouba, dispõe de uma informação privilegiada sobre a vida de dez milhões de consumidores. O que compram, onde compram, e mais importante: quanto gastam! Estamos a falar de algo que é altamente violador da privacidade de cada pessoa, e bem mais grave do que as pessoas não poderem apagar todos os peidos que deram na rede social da treta. Ninguém, muito menos uns filhos da puta quaisquer, que nos roubam todos os dias, e que têm ligações aos espiões das secretas, que prestam servicinhos a empresas privadas, têm de saber, que supermercados frequento, que marca de papel higiénico uso, e se limpo o cu com folha simples ou dupla! Ninguém tem nada que saber o que compro ou deixo de comprar, nem se gasto muito ou pouco dinheiro, porque isso só a mim diz respeito.

Depois, com toda esta informação, vai-se fazer um verdadeiro Big Brother sobre o contribuinte. Ter debaixo de olho, e investigar, quem, com aparentemente pouco dinheiro disponível, gasta mais do que aquilo que recebe. 

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